RIO O fenômeno El Niño aumentou este ano a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, de acordo com um estudo publicado esta semana na revista Nature Climate Change. Por isso, 2016 terminará como o primeiro ano em que a concentração do gás será superior a 400 partes por milhão (ppm) durante todo o ano no icônico vulcão haviano Mauna Loa.
A concentração de CO2 devido à ação humana está aumentando a cada ano, mas desta vez o El Niño deu um empurrão. Os ecossistemas tropicais estão mais quentes e secos, reduzindo sua absorção de carbono e aumentando os incêndios florestais comenta Richard Betts, autor principal do estudo, membro do Met Office e da Universidade de Exeter, no Reino Unido. Como as emissões humanas são agora 25% maiores do que na última grande manifestação do El Niño, entre 1997 e 1998, isso levou desta vez a aumento recorde de CO2.
A tendência de aumento das emissões de gás de efeito estufa em Mauna Loa começou a ser estudada desde 1958 pelo climatologista americano Charles David Keeling. Suas primeiras medidas registraram em torno de 315ppm de dióxido de carbono. Sessenta anos mais tarde, o índice tem aumentado, em média, a uma taxa anual de 2,1ppm. Agora, usando um modelo de previsão climática que também ressalta a previsão das temperaturas do mar, os cientistas previram com sucesso que a concentração máxima de CO2 no mar no local este ano ocorreu no mês passado, quando chegou a 407ppm.
Atualmente o CO2 em Mauna Loa está acima de 400ppm, mas esperava-se que ela estaria abaixo desta marca em setembro. No entanto, devido ao impacto prolongado do El Niño, Betts acredita que o índice não diminuirá na velocidade esperada.