WASHINGTON ? O Senado dos Estados Unidos bloqueou as quatro propostas votadas nesta segunda-feira para aumentar o controle sobre a venda de armas no país. As medidas envolveriam reforçar a verificação dos antecedentes dos compradores de armas e proibir a venda a quem estiver sob a vigilância do FBI. A antiga discussão sobre o tema foi inflamada, na última semana, pelo massacre de 49 pessoas na boate gay de Orlando ? o maior ataque armado da História dos EUA. armaseua
As esperanças de aprovação para as propostas ? duas republicanas e duas democratas ? já não eram altas. Para passar pelo Senado, as medidas precisariam de 60 votos em seu favor.
A primeira medida, respaldada pelo senador republicano Charles Grassley, ficou a sete votos da aprovação. Já a segunda proposta, do senador democrata Chris Murphy, teve 16 votos a menos do que o necessário.
O ataque à boate gay de Orlando vem pressionando Washington a revisar sua legislação sobre o controle de armas. Após anos de bloqueio ao tema, os senadores republicanos se comprometeram a votas as medidas. O seu partido afirma que o controle de armas fere o direito de posse de armas garantido pela Constituição dos EUA.
? É sempre a mesma coisa. Após cada tragédia, nós, democratas, tentamos passar medidas sensatas de segurança das armas. Tristemente, nossos esforços são bloqueados pelos congressistas republicanos, que tomam ordens do lobby armamentista do país ? disse o líder da minoria democrata no Senado, Harry Reid, na abertura do debate sobre as propostas.
Já o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse que as medidas democratas seriam ineficazes. Ele afirmou ainda que os republicanos estão buscando reais soluções que podem ajudar a manter os americanos a salvo de ameaças terroristas.
No entanto, alguns legisladores ainda tentam firmar um compromisso para manter as armas de fogo longe dos integrantes da lista de vigilância anti-terrorismo das autoridades americanas. É possível que outras propostas sobre o tema sejam votadas no fim da semana, segundo fontes do Senado.
Alguns republicanos ressaltaram a proposta da Senadora republicana Susan Collins, que não foi considerada nesta segunda-feira. O seu plano seria proibir as compras de armas a apenas um pequeno grupo de suspeitos.
Mesmo que o Senado aprovasse uma proposta sobre o tema, ainda seria necessário que a medida passasse pela Câmara dos Representantes.
O debate sobre o controle de armas nos EUA também foi intensificado após os tiroteios em massa em uma escola de Connecticut em 2012 e a um centro de apoio a deficientes de San Bernardino, na California, em 2015. No entanto, em ambos os casos não houve mudanças na legislação americana.
Na semana passada, Omar Mateen invadiu uma boate gay armado e matou 49 pessoas em Orlando. Ele jurou fidelidade ao Estado Islâmico, e o grupo extremista reivindicou a autoria do ataque.
Uma pesquisa conduzida na semana passada pela Reuters e pela Ipsos mostrou que 71% dos americanos são favoráveis a pelo menos uma regulamentação moderada no controle sobre a venda de armas. Em 2013 e em 2014, o mesmo índice era de 60%.
Hoje, os EUA tem mais de 310 milhões de armas espalhadas pelo país. O número é equivalente a cerca de uma arma para cada cidadão americano.