RIO – Cientistas anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de uma espécie de dinossauro gigante que viveu no Brasil há cerca de 60 milhões de anos. Eles apresentaram, no Museu de Ciências da Terra, na Urca, Zona Sul do Rio, um conjunto de vértebras do Austroposeidon magnificus, que, com 25 metros de altura, ganhou o título de maior dinossauro já identificado no país.
O animal pré-histórico, cuja altura se equipara a espécies parecidas encontradas na Argentina, como o Mendozasaurus e o Futalognkosaurus, desbanca em tamanho o Maxakalisaurus topai, de 13 metros e atualmente em destaque no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Trata-se da nona espécie de titanossauro já encontrada no Brasil. O Austroposeidon magnificus viveu no período Cretáceo, que se prolongou de 145 milhões de anos atrás até 66 mlhões de anos no passado.
Os titanossauros habitaram sobretudo o continente Gondwana, que, há milhões de anos, reunia os atuais continentes da América do Sul, África, Índia, Antártica e Austrália.
O grupo de pesquisadores envolvidos na descoberta tem como líder o paleontólogo Alexander Kellner. Os restos fossilizados do animal, que estarão em exibição para o público a partir desta quinta-feira, foram encontrados há mais de 60 anos, em 1953, durante a abertura da Rodovia Presidente Prudente, que liga Rio e São Paulo. Mas foi um longo processo até a coleta de material suficiente pelos cientistas e a arrecadação de verbas para levar o estudo adiante.
O material encontrado foi analisado com o auxílio de um tomógrafo para se chegar à parte interna dos ossos, cujo tecido revelou uma peculiaridade diferente da que já conheciam, em dois tipos: um de aspecto esponjoso e outro mais denso, o que pode caracterizar, segundo os pesquisadores, o processo evolutivo que estava em curso. Formas anatômicas ligeiramente distintas também chamaram a atenção da equipe.
– Já imaginávamos que tínhamos gigantes também no Brasil. Temos outros estudos em curso de dinossauros que podem chegar a esse tamanho ou até ultrapassá-lo. Mostramos com essa descoberta que, mesmo com restrições de verbas para pesquisa, reunindo instituições, conseguimos trazer coisas importantes para a ciência. E a tomografia computadorizada a que tivemos acesso também é um sinal de que a imagem daquele pesquisador com sua escovinha tirando poeira está ficando no passado. Agora ele está mais tecnológico – disse Alex Kellner durante a apresentação da descoberta para a imprensa no Rio.