WASHINGTON – Pelo menos 18 milhões de americanos perderiam a cobertura de saúde no primeiro ano caso os republicanos consigam avançar com os planos de revogar o Affordable Care Act (ACA), conhecido como Obamacare ? programa de saúde implementado pelo presidente Barack Obama ?, apontou um estudo divulgado nesta terça-feira do Escritório Congressista de Orçamento, um órgão não-partidário. Atualmente, o programa beneficia 20 milhões de pessoas e espera-se que, até 2019, atenda 50 milhões.
O número de pessoas sem plano de saúde cresceria para cerca de 32 milhões em dez anos, caso os parlamentares não apresentem uma alternativa ao sistema de Obama, indica o documento. O órgão estima ainda que o custo de planos de saúde individuais dobrariam no período. Os dados podem complicar o aval à revogação do programa, já que os republicanos defendem que os cidadãos americanos não perderão cobertura sobre o plano deles ? que ainda não foi elaborado.
No fim de semana, o presidente eleito dos Estados Unidos disse, em entrevista ao ?The Washington Post?, que está próximo de concluir um plano para fornecer ?seguro a todos?. Ele, no entanto, não detalhou tal proposta.
Segundo o ?New York Times?, o órgão disse que o aumento estimado de 32 milhões de americanos sem cobertura em 2026 resulta de três mudanças: cerca de 23 milhões de pessoas a menos teriam cobertura no mercado de seguros privado; quase 19 milhões de pessoas a menos teria acesso à cobertura do Medicaid (seguro-saúde voltado aos mais pobres) e haveria uma alta no número de indivíduos com o benefício através do emprego, o que compensaria parcialmente essas perdas.
O fim do Obamacare ainda teria efeito sobre o mercado de seguros. No primeiro ano sem o plano, informou o estudo, os preços aumentariam entre 20% e 25%.
Os republicanos advertiram que o relatório mostra apenas parte do contexto, ou seja, o impacto da revogação sem um novo plano para o atendimento de saúde. Eles destacam que os números representam um cenário hipotético.
?O relatório de hoje mostra apenas parte da equação ? uma revogação do Obamacare sem qualquer política de transição ou reformas para lidar com custos e capacitar pacientes?, disse o líder da Comissão de Finanças do Senado, Orrin G. Hatch, republicano de Utah. ?Os republicanos apoiam a suspensão do Obamacare e a implementação de reformas pouco a pouco para que os americanos tenham acesso ao tratamento de saúde acessível?.
Por outro lado, o líder da minoria democrata no Senado, Charles E. Schumer,defendeu o Obamacare em comunicado:
?Estatísticas não-partidárias não mentem: está mais do que claro que o esforço republicano de repelir o Affordable Care Act aumentará os custos com saúde para milhões de americanos e retirará outros milhões da cobertura do seguro-saúde?, afirmou o senador.
O Congresso americano adotou os primeiros passos para acabar com o Obamacare na última sexta-feira, quando o Senado votou um procedimento que abre caminho para a eliminação da lei. Os congressistas votaram uma medida de conciliação do Orçamento nacional entre a Câmara de Representantes e o Senado, a via legislativa para revogar o programa. A medida foi aprovada por 51 votos a 48.