Cascavel - Já está ficando redundante repercutir as discussões envolvendo o governo federal e as entidades do agronegócio do País. A mais recente polêmica diz respeito ao anúncio feito pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre a intenção do governo reduzir o imposto dos alimentos exportados e o imposto de importação, com o propósito de baratear o preço de determinados alimentos. Conforme informações do Palácio do Planalto, já ocorrem estudos visando garantir a paridade com os preços do mercado externo.
Governo Federal
Medidas de aperfeiçoamento vão moldar essa proposta. Por sua vez, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que medida similar foi adotada para reduzir o preço do arroz e garantir o abastecimento no País, diante do problema das enchentes verificado no Rio Grande do Sul. Na época, esse assunto também gerou muita discussão. Agora, surge essa nova proposta do governo federal, provocando reações diversas no setor do agro.
Na opinião do presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion, a ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante. “A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação. Não existe desabastecimento, não há problemas de safra, não há sobrepreço”, dispara.
Na avaliação do líder da Bancada Ruralista, os preços dos produtos agropecuários brasileiros seguem os padrões mundiais. “Anunciar que o País vai abrir importações é simplesmente jogo de cena demagógico para induzir a população a achar que estão fazendo algo prático para baixar preços”. Segundo ele, o agronegócio faz sua parte ao produzir com qualidade e quantidade, apesar dos desafios econômicos que aumentam os custos de produção e diminuem a competitividade, num cenário em que medidas de apoio e estímulo à produção não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio.
Inflação
“A inflação como um todo, não apenas dos alimentos, está descontrolada pela falta de capacidade e compromisso do governo em cortar seus próprios gastos e ter o mínimo de responsabilidade com as suas contas. O governo segue apenas fazendo discurso político e procurando transferir a culpa da sua incompetência para os outros”, ressalta Lupion. Por fim, ele entende que medidas efetivas de corte de gastos e valorização da economia seriam muito mais eficientes do que mais essa desastrada tentativa, meramente política, de enganar a população.
Outra entidade a repudiar a medida do governo foi a FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). “Reduzir alíquotas de importação, conforme anunciado pelos Ministros da Casa Civil e da Agricultura e Pecuária, para reduzir preços internos dos alimentos é um absurdo. É um ataque à produção nacional e ao produtor rural”, aponta Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP.
Segundo o dirigente, os preços praticados internamente são resultado dos elevados custos de produção e o chamado “Custo Brasil”, e não resultado de grandes margens de lucro das indústrias, tampouco dos produtores rurais.
“O Brasil tem produção em quantidade e qualidade suficiente para abastecer o mercado interno na maioria dos alimentos alvos da ação. A importação indiscriminada, somente em função do apelo do preço, poderá sentenciar muitos produtores a encerrarem suas atividades”, prevê Meneguette.