Cascavel – O sistema de confinamento de gado no Brasil, também conhecido como “sistema de confinamento intensivo” ou “engorda em confinamento”, é uma prática amplamente utilizada na pecuária de corte. Esse modelo tem como objetivo aumentar a eficiência na produção de carne, concentrando os animais em áreas controladas onde a alimentação e o manejo são otimizados. Esse sistema tem crescido no Brasil nas últimas décadas, contribuindo para a modernização e aumento da produtividade da pecuária brasileira.
Recente levantamento elaborado pela DSM-Firmenich, líder global em nutrição, saúde e biociência, mostra que o Brasil conta com um rebanho de 7,96 milhões de cabeças criado pelo sistema de confinamento. Em 2024, houve um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, puxado pela adesão de novas regiões, como por exemplo, Pará e Tocantins.
O percentual é recorde, superando até então a média histórica de 9% de evolução ao ano. Em número de propriedades no Brasil, o confinamento é adotado em 2.592. Em âmbito nacional, este crescimento reflete a retomada do setor, depois de um período de margens negativas registradas nos últimos dois anos.
Para especialistas, esse aumento de gado confinado é alinhado ao crescimento do abate registrado neste ano. Dentro desses números, é preciso também registrar o aumento da participação das vacas no confinamento. O raio-X do confinamento no País, mostra que 75% do sistema está distribuído entre os estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Outro ponto importante a ressaltar: o crescimento é mais expressivo nos confinamentos de maior porte, acima de 10 mil cabeças. Em contrapartida, os confinamentos de porte menor reduziram o volume de animais. É o que ocorreu na região Oeste do Paraná.
Alta repentina
Em entrevista concedida à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o agropecuarista Vinicius Lazarini comentou que comportamento do confinamento varia de ano a ano. Regionalmente, ele afirma que não houve evolução, como ocorreu em outras regiões do Brasil. “Na verdade, reduziu, porque o preço do boi ficou por muito tempo em baixa, deixando de ser interessante aos criadores fazer a terminação dos animais em confinamento”, disse.
A alta repentina da arroba do boi observada nos últimos 80 dias levou os produtores de gado a novamente optar pelo sistema. “Agora não há um confinamento sequer vazio na região”, comenta Lazarini. O crescimento nos últimos tempos já é de 10%. “A margem de lucro com o confinamento agora ficou interessante, ante à margem anterior, muito apertada”.
Lazarini faz uma observação importante: nos outros estados, há mais milho disponível que no Paraná, pois não há tanta “concorrência” pelo insumo em relação a outras proteínas, como aves e suíno. “No Mato Grosso, por exemplo, tem muito mais milho disponível que aqui e dessa forma, o confinamento fica muito restrito a propriedades que conciliam a pecuária e a agricultura”. Segundo ele, no Paraná, a maior parte das propriedades não são mistas, ou são somente agrícolas ou dedicação exclusiva à pecuária.
Insumos
A agropecuarista Andrea Mörschbacher, da Fazenda Toca da Onça, em Toledo, também investe em gado confinado na região. Sobre os insumos, ela produz uma parte e compra a restante. A produtora rural e pecuarista suplementa o rebanho, as diferentes categorias de animais: cria, recria e engorda. “Em uma visão mais macro, não é só venda dos animais confinados que interessa. Mas sim, ter novilhas entrando antes no rebanho de cria, ter um lote de recria em adaptação para entrar posteriormente no confinamento, aumentando a velocidade do ciclo”. Andrea conta que as vendas são escalonadas. “Até outubro, o valor estava baixo e a conta não fechava. Recentemente subiu o que tornou o cenário mais rentável”.
Salto
Em 2023, os confinamentos maiores correspondiam a 53% do total no Brasil, ou seja, 3,9 milhões de cabeças de gado. Nesse ano, o índice saltou para 58,7%, totalizando 4,7 milhões de cabeças. Por sua vez, os confinamentos menores, permanecem estáveis, com 3,3 milhões de animais, com um pequeno recuo, de 46,1 para 41,3%.