POLÍTICA

Lula e aliados ‘quebram a cara’ e ‘mordem a língua’ com dólar em R$ 6,007

O valor do dólar está alto
Dólar atinge novo recorde de alta: R$ 6,069. Saiba o que levou a essa valorização e como isso afeta o mercado financeiro

A primeira semana de dezembro começou com nova alta do dólar, estabelecendo novo recorde de aumento da moeda americana na era do real: R$ 6,069. Na sequência de reações negativas ao pacote anunciado pelo Governo Federal , o mercado revisou para cima a inflação de 2024 e também elevou a projeção dos juros. A próxima reunião do Copom está marcada para 10 e 11 de dezembro, quando os analistas esperam novo aumento da taxa básica. Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano.

Com a nova alta, a terceira recorde após o anúncio do pacote de medidas do governo, as redes sociais recuperaram afirmações do presidente Lula, em junho de 2023, quando o petista fez críticas ao mercado quando o dólar chegou a R$ 5,51, maior nível desde de janeiro de 2022, no Governo Bolsonaro.

“Eu queria, Haddad [ministro da Fazenda], dizer para você, pode ter certeza: quem tiver apostando em derivativo vai perder dinheiro neste país. As pessoas que apostaram em ganhar dinheiro no fortalecimento do dólar vão quebrar a cara outra vez”. E disse mais: “Em 2008, quem não lembra a quantidade de empresa que quebrou? Quem não lembra da Sadia? As pessoas achavam que iam ganhar dinheiro no fortalecimento do dólar e fracasso do real quebraram a cara, e vão quebrar outra vez”.

Maria do Rosário

Em 2021, a deputada do PT do Rio Grande do Sul, Maria do Rosário culpou Bolsonaro pela moeda americana ter batido a casa dos R$ 5,41. No antigo Tweeter, à época, Rosário critica a alta e culpou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo resultado. “O dólar encarece sua vida, mais do que você imagina. Ele impacta o preço dos combustíveis, do frete dos alimentos e consequentemente, isso chega no seu bolso. Dólar alto só é bom pra quem tem empresa em paraíso fiscal”, afirmou a petista em posto em 11 de novembro daquele ano, que foi ilustrado com um vídeo que mostrava o impacto da alta da moeda americana no dia a dia brasileiros, afirmando que a “culpa” disso era de Bolsonaro, “porque em vez de trabalhar, ele só briga e cria confusão”.

Simone Tebet

No início de novembro deste ano, quando o dólar se aproximava dos R$ 6,00, chegando a R$ 5,83, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro resgatou tweete da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, quando em junho de 2022, afirmou: “O dólar passa de 5 reais hoje por quê? Porque nós temos uma instabilidade política e jurídica. É um governo que não garante segurança jurídica para os investidores”, afirmou Tebet, então senadora da República. Em seu post, Bolsonaro disse: “Dólar alcança R$ 5,83. Mas tudo é relativo nesta democracia inabalável”.

“Estamos ferrados”

Apoiador e um dos grandes financiadores da campanha de Lula em 2022, o presidente do grupo Cosan, Rubens Ometto, criticou a política econômica do “Governo Lula 3”, logo depois do anuncio do pacote de medidas de Fernando Haddad. D evento do Grupo Esfera Brasil, na semana passada, em São Paulo, Ometto afirmou: ‘estamos ferrados”.

“Acho que a gente está numa situação muito difícil. Quando você é empresário e vê tudo que está acontecendo, vê claramente uma política de partido, de não reduzir [gastos]. Está muito fácil resolver, é só resolver o problema do déficit fiscal que tudo se assenta, mas eles não querem fazer. O que vai acontecer: os juros vão subindo, os investimentos que todo mundo fala que vai ter de infraestrutura, a parceria público-privada, não vão acontecer porque o empresário que investir com essas taxas de juros vai quebrar. […] Estamos, desculpe o francês, estamos ferrados porque a alta administração do nosso país acha que está certo e não quer fazer nada. É uma pena”, declarou Ometto.

Promessa era enviar PEC dos Gastos ontem para tramitação no Congresso

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu a jornalistas, em Camaçari (BA), que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) com parte das medidas fiscais, anunciadas pelo governo federal na última semana, seria enviada ao Congresso ainda ontem (2). A PEC é uma das formas que será utilizada pelo governo para implantar as medidas de corte de gastos elaboradas pela equipe econômica, em conjunto com outros ministérios.

A PEC vai alterar as regras no abono salarial, no Fundeb, no Fundo Constitucional do Distrito Federal, em subsídios e subvenções e também para prorrogar a DRU (Desvinculação de Receitas da União). Na sexta-feira (29), o deputado José Guimarães (PT-CE), o líder do governo na Câmara dos Deputados, protocolou projeto de lei com parte das medidas de contenção. Entre as mudanças, o texto do projeto traz a limitação do ganho real do salário mínimo

Isenção do IR só em 2025

A ampliação da isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação maior para quem tem renda acima de R$ 50 mil, o “grande anúncio” de Fernando Haddad junto com as medidas do corte de gastos vai ser tratada somente em 2025 e, se aprovada, entrará em vigor somente em 2026. “Vamos focar nesse fim de ano em fazer a revisão de gastos. O que a gente ouviu dos dois [chefes do Legislativo] é que a gente discute ano que vem o IR, fazer uma ampla discussão nacional. Vai tomar pelo menos o primeiro semestre do ano que vem, senão mais”, disse Durigan.