Cascavel – O bitcoin é a primeira moeda digital criada no mundo. Ou seja, é dinheiro virtual e que nos últimos tempos tem gerado rendimento a muitas pessoas em todo o mundo, inclusive muitos brasileiros. Para entender melhor essa escalada da moeda virtual, a equipe de reportagem do Jornal O Paraná conversou com o consultor econômico Vander Piaia, professor de Economia na Unioeste, campus de Cascavel. Desde que Donald Trump saiu vitorioso das eleições americanas e anunciou uma política de incentivo à criptomoeda, o valor de 1 Bitcoin não parou de subir.
A ascensão meteórica teve início no dia 4 de novembro, quando o valor de 1 Bitcoin ainda era de US$ 67 mil. Até o fechamento dessa reportagem, às 16h19 de sexta-feira (22), a moeda já era comercializada a US$ 99,4 mil, restando pouco para alcançar a cifra histórica de US$ 100 mil, equivalente a cerca de R$ 580 mil. Confira a entrevista abaixo:
O PARANÁ – Por que o Bitcoin subiu tanto nos últimos tempos?
Vander Piaia – O BTC tem se valorizado principalmente pela confiabilidade, processo e tecnologia que está sustentado, que é a tecnologia blockchain. Em segundo lugar, é a primeira moeda digital e se tornou muito popular bem antes de outros modelos existentes hoje. O bitcoin detém 60% da quantidade de moedas digitais existentes no mercado. O bitcoin continua valorizando porque, cada vez mais há confiança dos grandes players, grandes investidores, grandes fundos de pensão em ter a moeda como um ativo seguro. Então isso tem fortalecido muito. Para se ter uma ideia, algumas empresas listadas na Bolsa de Valores dos Estados Unidos já deixaram escapar que mantém grande parte dos seus ativos aplicados em bitcoin e isso só tender a fortalecer a moeda. Mas o grande fortalecimento ocorreu nas últimas semanas, justamente por conta das eleições americanas, com o presidente eleito Trump se mostrando favorável às moedas digitais, especialmente o bitcoin.
O PARANÁ – Essa onde de alta deve durar quanto tempo?
Vander Piaia – Não há clareza sobre essa duração. Os analistas afirmam que estamos na quina onda das criptomoedas. Seria a quinta onda de valorização do bitcoin e que pode levar meses, mas em algum momento sofrerá um refluxo, típico desse tipo de ativo no mercado. As famosas ondas de Elliott já indicavam que o mercado nunca é constante para cima, sobe e desce e ocorre com todas as moedas, inclusive a digital. Há uma tendência de alta até fevereiro, quando Donald Trump assume para ver efetivamente as políticas que ele vai colocar em prática acerca da economia americana e das criptomoedas, fazendo com que a moeda digital continue crescendo durante todo o ano de 2025.
O PARANÁ – Analisam afirmam que o bitcoin deve alcançar R$ 1 milhão em 2025. Você acredita que isso possa ocorrer de fato?
Vander Piaia – Não creio que chegue a R$ 1 milhão em 2025. Mas certamente vai chegar nos próximos dias, ou até antes ou quando for publicada essa reportagem, a US$ 100 mil. É possível que em um ano, duplique o valor. Vai depender de vários fatores exógenos, variáveis externas, independentes. Temos que pensar que toda a moeda digital é uma moeda de garantia de confiança. Não tem um lastro real. Qualquer situação no mercado pode abalar mais facilmente o valor.
O PARANÁ – Qual o impacto no mercado de bitcoins, caso ecloda uma possível guerra envolvendo grandes potencias geopolíticas?
Vander Piaia – O cenário para o bitcoin, especificamente, porque é a moeda que tem apenas 21 milhões de unidades disponíveis, embora transformando cada unidade em US4 100 mil, atinja o mercado dos trilhões, é o seguinte: um cenário de guerra é muito imprevisível. Se for uma guerra localizada, uma guerra curta, entre dois países sem muita relevância, o bitcoin tende a se valorizar. Agora, se for uma guerra que se alastre entre potências, há um risco tanto para ele disparar como da mesma forma, despencar e virar pó, pois essas potências vão querer de alguma maneira regular os seus ativos.
O PARANÁ – Qual sua avaliação sobre a economia nacional em 2024?
Vander Piaia –A economia brasileira vai acabar fechando positivo em 2024, em torno de 3% de crescimento do PIB que é um indicador razoavelmente bom. Tivemos altos e baixos, mas há uma pressão muito grande da dívida pública que vai afetar muito em 2025.
O PARANÁ – O que esperar da economia para 2025?
Vander Piaia – Não há grandes perspectivas. Ela vai continuar crescendo porque alguns indicadores se mantêm sólidos por enquanto, com um controle maior da inflação. Mas a dívida pública está cortando a possibilidade de um crescimento maior da economia brasileira. Aquele crescimento pujante não vai acontecer, pois não há nada que demonstre isso. Mesmo fazendo a reforma tributária e a menos que o governo tenha uma posição real sobre a redução do tamanho da dívida, as perspectivas são de um crescimento moderado.