O feijão é uma unanimidade nacional. Entretanto, poucos têm conhecimento sobre a presença desta cultura do nosso lado, na vizinha Argentina. Em recente evento realizado em Salta, na Jornada de Atualização Técnica e Comercial de Legumes 2024, um número alarmante e preocupante chamou a atenção dos participantes: nos últimos 10 anos, trata-se da maior perda registrada de feijão nas lavouras argentinas.
Conforme informações da CLERA (Câmara de Legumes Argentina), a quebra é atribuída as intempéries climáticas, mais especificamente a escassez hídrica muito significativa ao longo do ciclo da cultura. “Após uma temporada caracterizada por uma falta de chuvas muito significativa durante todo o ciclo da cultura e tendo colhido aproximadamente 85% da área no norte da Argentina, podemos ter certeza de que a colheita resultará em um fracasso completo”, diz um dos trechos do relatório sobre a colheita do feijão na Argentina neste ano.
Outro fator tido como responsável por derrubar os números do feijão na Argentina envolvem as várias geadas consecutivas e precoces em meados de maio. Elas provocaram severos danos em mais de 80% da área e danos extremos diretos em grande parte da cultura semeada em datas tardias, ou seja, a partir do primeiro trimestre de março. Os casos mais graves foram registrados nos feijões alubia, cranberry e variedades vermelhas.
Em conversa com o presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses), Marcelo Lüders, a reportagem do Jornal O Paraná quis saber se essa situação vivida com feijão argentino refletirá de maneira ampla no mercado mundial e brasileiro, em relação aos preços. “Já está impactando. O Brasil provavelmente vai exportar 50 mil toneladas de feijão preto. Se não fosse isso, já teria caído e exportou por quê? A Argentina, entre outros motivos, também veio com os estoques baixos”, descreve, completando que “México e Europa queriam importar daqui o feijão preto, outros feijões, rajados, brancos, vermelhos, ou seja, todos têm reflexo”, comenta o presidente do Ibrafe.
A Argentina é considerada um dos principais provedores dessa cultura no planeta e por isso, os reflexos são intensos e imediatos.
Alguns números do feijão na Argentina
Feijão Preto
Área Semeada: 190.000 ha
Rendimento: 0,9 t/ha
Produto pronto para exportação: 100/105.000 t + (28.000 t já exportadas até 30 de junho)
Feijão Alubia
Área Semeada: 170.000 ha
Rendimento: 0,5 t/ha
Produto pronto para exportação: 35/36.000 t + (30.000 t já exportadas até 30 de junho)
Feijão Cranberry
Área Semeada: 42.000 ha
Rendimento: 0,6 t/ha
Produto pronto para exportação: 10/11.000 t + (5.000 t já exportadas até 30 de junho)
Feijão Dark Red Kidney
Área Semeada: 44.000 ha
Rendimento: 0,6 t/ha
Produto pronto para exportação: 12/13.000 t + (8.000 t já exportadas até 30 de junho)
Feijão Light Red Kidney
Área Semeada: 14.000 ha
Rendimento: 0,7 t/ha
Produto pronto para exportação: 5/6.000 t + (11.000 t já exportadas até 30 de junho)
Feijão Verde Mung
Área Semeada: 46.000 ha
Rendimento: 0,8 t/ha
Produto pronto para exportação: 15/16.000 t + (8.300 t já exportadas até 30 de junho)
Paraná tem melhor semestre na exportação de ovos
A exportação de ovos e derivados cresceu 48,2% no Paraná no primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano anterior. É o melhor resultado da série histórica, iniciada em 1997. Foram 5.515 toneladas exportadas para 36 países, contra 3.721 toneladas no primeiro semestre de 2023, até então o melhor resultado. A receita também aumentou em 24,5%, passando de US$ 18,7 milhões no ano passado para US$ 23,3 milhões em 2024.
Os dados constam no Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado na quinta-feira (08) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Os itens que compõem o “complexo ovos” são os ovos férteis destinados à incubação e pintos (material genético), ovos frescos com casca, ovos cozidos e secos, gemas frescas e cozidas e ovoalbumina. O item mais representativo é de ovos de aves da espécie Gallus domesticus, para incubação, representando 98% da pauta total do Paraná.
Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o México foi o principal destino dos produtos do complexo ovo no primeiro semestre deste ano no Paraná. Foram 2.302 toneladas exportadas, com receita de US$ 10,1 milhões.
Dois países do continente africano aparecem na sequência. O Senegal importou do Paraná 1.109 toneladas, com receita de US$ 4,3 milhões, seguido de perto pela África do Sul, com 1.089 toneladas e US$ 4,7 milhões de receita cambial. Outros dois países da América do Sul completam o top cinco de maiores importadores. O Paraguai é o quarto destino dos ovos paranaenses, com 647 toneladas e US$ 2,4 milhões, e a Venezuela, com 294 toneladas e US$ 1,4 milhão, ocupa o quinto lugar.
O ovo paranaense também possui mercado em países menores do que o próprio Estado. Chipre, no Oriente Médio, por exemplo, comprou 375 quilos no primeiro semestre. O país tem uma população de 1,2 milhão de habitantes, quase dez vezes menor que o Paraná. Antígua e Barbuda, no Oceano Pacífico, tem 93 mil habitantes e comprou dos produtores paranaenses 158 quilos.
Além de estar entre os principais exportadores de ovoprodutos do Brasil, o Paraná também figura entre as principais portas de saída dos ovos e seus derivados para outros países. A Alfândega de Foz do Iguaçu registrou a saída de 1.157 toneladas no primeiro semestre deste ano, o quinto maior índice do Brasil. Ao todo, foram US$ 4,6 milhões em receita que passaram pela cidade do Oeste do Paraná.
Outra porta de saída é o Porto de Paranaguá. Foram exportadas por lá 55 toneladas de ovo e seus derivados, com receita de US$ 94 mil. É o 14º destino de saída do Brasil, dentre 35 que registraram esse tipo de exportação.