Manifesto em BerlimRIO ? Realizadores do audiovisual brasileiro leram um manifesto durante o Festival de Berlim em que pedem a manutenção das políticas públicas para o cinema nacional.
Com cíticas ao governo Michel Temer, a carta foi lida numa cerimônia promovida pela Embaixada do Brasil na Alemanha. No texto, introduzido pela cineasta Daniela Thomas, que estreou no festival o seu filme “Vazante”, os realizadores demonstram preocupação com os rumos das políticas implementadas pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) nos últimos anos.
“Nos últimos anos a Ancine tem direcionado suas diretrizes, conservando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomento, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autorial, aqui representado”, diz o manifesto, lido por diretores como Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança ? todos com filmes em cartaz no evento.
O autal diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, fica no cargo até maio, depois de 12 anos no órgão. Não não se sabe quem irá substituí-lo.
Leia o manifesto na íntegra:
“Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano desse governo, os direitos de educação, saúde e trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre o risco de acabar.
Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes, conservando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomentos, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autoral, aqui representado.
O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance, Roterdã e aqui em Berlim. Não chegamos a esse patamar histórico sem política pública.
Tudo o que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço do conjunto de agentes envolvidos entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidos com o conjunto do setor e com toda a sociedade.
Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública.”