RIO ? Num passado recente, a visão de ?futuro? era construída por governos e grandes corporações, mas não mais. As cidades do futuro serão construídas pela e para a comunidade local. Ao menos essa é a visão do americano Peter Hirshberg, diretor executivo do The Re:imagine Group, que se apresentou neste sábado no segundo e último dia do Wired Festival Brasil, que acontece no Armazém Utopia, na Zona Portuária do Rio.
? As cidades são laboratórios para a inovação ? disse Hirshberg. ? Quanto mais densas, mais inovação é necessária.
Citando exemplos de projetos criados em cidades americanas, Hirshberg falou sobre a importância da criação de comunidades makers locais, como forma de incentivo à economia e à educação. Hoje, os EUA vivem o problema da desindustrialização. Nas últimas décadas, as companhias locais transferiram a produção para outros países, sobretudo a China.
? Se você tinha uma ideia de produto eletrônico, a regra era: contrate uma pessoa para ir à China. Mas essa operação custa dezenas de milhões de dólares. Se você está começando, se algo der errado, você quebra. É um risco levar a produção para a China ? disse o especialista.
Para abrir espaço para inovadores locais de Nova York, um antigo estaleiro foi transformado num imenso espaço maker. O Brooklyn Navy Yard oferece um moderno parque industrial para que empreendedores locais possam iniciar sua produção, em menor escala.
E para preparar profissionais para esse novo mundo, as escolas precisam se adaptar. Hirshberg citou o projeto Dream Factory, em Pittsburgh, que oferece aos alunos do ensino fundamental ferramentas para criação, como impressoras 3D e cortadores a laser. E as tarefas escolares aplicam na prática o aprendizado da sala de aula. Um aluno de uma série avançada, por exemplo, pode ter como exercício construir um modelo tridimensional impresso de um desenho de um aluno de uma série inicial.
? As crianças adoram! ? disse Hirshberg. ? A educação mudou. Antes, nas faculdades de engenharia os estudantes achavam que não deviam ?sujar as mãos?. Agora, eles acham que quanto mais ?sujarem as mãos?, mais inovadores eles são.
E esse movimento tem potencial para mudar as cidades onde vivemos. Em Nova York, uma instalação artística usou dados da polícia local para construir um mapa da violência, que passou a ser usado pela própria polícia para gerenciar a segurança pública. Em outro projeto artístico, makers espalharam sensores que mediam o ruído pelas ruas da cidade. Essas informações também passaram a ser usadas pela polícia para saberem, em tempo real, quais eram os locais mais movimentados e que precisavam de mais policiamento.
? Você pode trabalhar com dados da cidade, mas também pode fornecer dados para a cidade ? disse Hirshberg.
O Wired Festival Brasil é uma realização da Edições Globo Condé Nast e do jornal O GLOBO, apresentado pela Prefeitura do Rio e Rio Eventos, com patrocínio da Nextel e do Banco Original, apoio do SENAI, C&A e Spotify, co curadoria da FLAGCX e produção da SRCOM. O evento acontece nesta sexta-feira e sábado no Armazém Utopia, na Zona Portuária do Rio.