Cascavel – Autoridades de saúde da região Oeste do Paraná estão em alerta máximo com o aumento significativo de casos de dengue nestas primeiras semanas de 2024. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde e com base em levantamento feito pela equipe de reportagem do Jornal O Paraná, somando os números das três regionais de saúde (9ª de Foz, 10ª de Cascavel e 20ª de Toledo), a região conta com 2.415 casos confirmados de dengue, além de 15.404 notificados e prováveis 8.355.
Esse crescimento substancial de casos têm sobrecarregado as unidades de saúde, tanto públicas como privadas, aproximando uma situação de colapso no sistema. Além de atender pacientes de outras patologias, os profissionais da saúde precisam encontrar alternativas para prestar assistência ao número expressivo de pessoas que buscam socorro com os principais sintomas da dengue, como a febre conhecida como “quebra ossos” e dor no fundo dos olhos.
O secretário de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak, admitiu a existência de uma epidemia de dengue não vista há muito tempo no Brasil. “As coisas vão ficar feias daqui para frente”, alertou. Em uma semana, o número de casos subiu de 16 mil para 22 mil. “E na próxima semana, vamos passar facilmente dos 30 mil casos no território nacional”. Em Cascavel, além da dengue, já existem três casos confirmados de chikungunya.
Para Bailak, é preciso combater o mosquito Aedes aegypti. “Ele é o nosso inimigo e não pode existir”. No ano passado, Cascavel registrou 159 casos. De janeiro até agora, já são 63 casos. “No próximo boletim, a tendência é a de ultrapassar 100 casos em Cascavel”.
Na região, os municípios ligados à 10ª Regional de Saúde que enfrentam uma epidemia de dengue são Capitão Leônidas Marques e Lindoeste. Em todo o Estado, a dengue já provocou oficialmente a morte de seis pessoas neste novo período epidemiológico. A sétima vítima ainda não apareceu nas estatísticas. Trata-se de influenciadora digital Aline Barone Barbosa, de Siqueira Campos, no Norte do Estado. Ela apresentou complicações cardíacas causadas pela doença e faleceu na última sexta-feira.
Toledo mobilizado
Em Toledo, a dengue levou o poder público a convocar uma série de reuniões com representantes dos segmentos da sociedade. Na terça-feira, o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, reuniu integrantes dos clubes de serviço como Rotary, Lions, Escoteiros Vicentino e Incomar, em busca de alternativas para conter o avanço da dengue. A secretária da Saúde de Toledo, Gabriela Kucharski, também demonstra preocupação com o aumento do número de casos. No ano passado, neste mesmo período, Toledo registrava 300 casos notificados, contra 1.100 atualmente.
Paraná pede mais vacinas
A Secretaria de Saúde do Paraná enviou ofício ao Ministério da Saúde solicitando mais doses da vacina contra a dengue. Em nota, a secretaria informou que o primeiro lote para o estado contempla “apenas 30 municípios”. “As doses são insuficientes diante do cenário epidêmico. O estado tem 16.693 casos confirmados em 279 municípios dentro do atual ciclo epidemiológico”, diz o documento enviado na semana passada.
De acordo com o comunicado, o Paraná é o terceiro estado brasileiro com o maior número de casos, mas aparece em quarto em número de municípios contemplados pela vacina, atrás de Goiás (134), Bahia (115) e Mato Grosso do Sul (79). “Esta realidade tem que ser considerada pelo Ministério da Saúde para o incremento das doses. O número de doses ainda não foi divulgado”.
O ofício informa que o Paraná pode iniciar a imunização a qualquer momento. O esquema da dengue é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. No Paraná, a estimativa do público-alvo definido pelo ministério – crianças e adolescentes de 10 a 14 anos – é de 86.836 pessoas.
Por enquanto, serão apenas 21 municípios da 17ª Regional de Saúde de Londrina e nove da 9ª RS de Foz do Iguaçu contemplados com as vacinas enviadas pelo Governo Federal.
Foto: ABR
