Cotidiano

“Lavouras estão submersas e apodrecendo”, alerta Ortigara; perdas já “são significativas”

“Lavouras estão submersas e apodrecendo”, alerta Ortigara; perdas já “são significativas”

Cascavel – Há uma unanimidade no campo. E preferível chuva em vez de seca. Entretanto, nos últimos dias as precipitações pluviométricas registradas no Paraná não têm dado trégua, causando prejuízos tanto na cidade como no campo. Em entrevista concedida na sexta-feira (3) à reportagem do Jornal O Paraná, o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, fez um balanço da força-tarefa montada para socorrer os atingidos.
“Estamos vivendo um quadro delicado, difícil, intensificação das chuvas, de problemas, trafegabilidade, pontes, bueiros, estradas vicinais, estradas asfaltadas e lavouras sendo prejudicadas”, resumiu Ortigara ao O Paraná. “Estamos a campo com todo o nosso time da agricultura e do DER, fazendo um levantamento rápido daquilo que pode ser reestabelecido, tão logo haja condições de trafegabilidade”, complementa.
O Governo do Paraná aprovou uma lei criando fundo de apoio a catástrofes. Uma reunião vai ocorrer nesta segunda-feira (6) com o mapeamento dessa situação, para que o governo estadual possa liberar recursos a fundo perdido aos municípios. “As perdas são substanciais, em lavouras de cevada que ainda precisa ser colhidas, de trigo e de aveia também, prejudicando a qualidade e a produtividade destas culturas”, aponta o secretário estadual.

Perdas significativas
As lavouras recém-cultivadas de soja, milho, feijão, tabaco e outras, sofrem com essas chuvas excessivas. “Estamos atentos e mobilizados, tentando encontrar formas adequadas de socorrer os municípios e suas necessidades básicas em curtíssimo prazo”. De acordo com Ortigara, a perda no campo preocupa, porém, os trabalhos se concentram agora em atender as pessoas afetadas. “E triste tudo isso. Um fenômeno que ocorre em decorrência do El Niño, que veio forte, com perspectiva de aumento do problema em curto prazo”.
No Paraná, mais de 30 municípios decretaram estado de emergência ou de calamidade pública. “Ainda não temos condições de avaliar e estimar o valor das perdas, mas o certo é que temos perdas significativas, tanto em quantidade quanto em qualidade do produto”. Segundo ele, o milho recém-nascido já está apodrecendo, o mesmo ocorrendo com o feijão plantado recentemente e a soja, está inundada, causando o apodrecimento.
Os danos são consideráveis nas regiões sudeste, sul, centro-sul e central do Paraná, além de parte do oeste e no norte, com muitas áreas de lavoura submersas. Apesar do impacto, Ortigara não acredita que essa situação comprometerá o resultado final da safra 2023/24.
Técnicos da Seab (Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento), Defesa Civil e das prefeituras estão a campo realizando o levantamento dos estragos. As regiões mais castigadas são a sul, centro-oeste e sudeste, envolvendo a produção de trigo e cevada. O levantamento mais recente aponta a colheita de 84% dos 1,4 milhão de hectares de trigo e 17% dos 87,3 mil hectares de cevada. Apesar do secretário não acreditar nessa hipótese, o que mais preocupa os produtores destas culturas são a quebra na produção e na qualidade.
Sobre o milho, também neste último levantamento, 91% dos 314 mil hectares já haviam sido semeados. O feijão, estendia-se por 79% dos 11,4 mil hectares previstos e a soja, 58% dos 5,8 milhões de hectares.
O excesso de chuva exige replantio ou nova colocação de adubo, aumentando os custos de produção nas áreas que exigirem esse manejo. Já em outras regiões, o nível elevado de umidade mantém as raízes encharcadas. Outro ponto a ser levado em consideração nesse momento de desespero por parte do agricultor, é que boa parte não possui seguro e sequer proteção. Porém, há um procedimento previsto no manual de crédito rural, levando o Governo do Estado a se colocar à disposição alguma forma de parceria.

Chuvas continuam castigando
As chuvas que não param de cair e em São Miguel do Iguaçu provocaram vários estragos nos meios urbano e rural. Várias residências foram alagadas, obrigando os moradores a buscar abrigo no Ginásio de Esportes Joelson Marcelino. O volume de água elevou o nível dos rios que cortam o município. As pontes do interior foram encobertas pelas águas. Nas lavouras, o prejuízo também é certo. Os bairros mais atingidos são o São Cristóvão, Ecoville e Santa Catarina. A Defesa Civil precisou utilizar um barco para resgatar 50 famílias ilhadas em localidades atingidas pelas enchentes. No ginásio, até o fim da tarde de sexta-feira (3), 250 pessoas estavam abrigadas no local.
Outra cidade atingida por temporal na madrugada de quinta para sexta foi Palotina. O vento causou a queda de árvores e danificou telhados de diversos aviários. A PR-182 ficou interditada por várias horas, por conta do bloqueio por galhos e árvores, no trecho entre Palotina e Francisco Alves. Uma pá-carregadeira da Prefeitura foi utilizada para liberar tráfego liberado.