Apesar de contar com um mercado tímido no Paraná, se comparado a outras proteínas como a de frango e de suínos, a bovinocultura de corte também é uma atividade importante dentro da cadeia produtiva estadual, responsável por gerar emprego e renda às famílias. Nos últimos meses, têm enfrentando sérias dificuldades, com reflexos no preço da arroba do boi.
Para entender melhor como foi o desempenho do setor no ano passado e as perspectivas para 2023, a equipe de reportagem do Jornal O Paraná conversou com o presidente da Padrão Beef, Lindonez Rizzotto. “2022 começou com otimismo, tanto nas exportações de carne, quando para o consumo interno. Os preços estiveram estáveis durante todo o primeiro semestre, porém, a partir de agosto, os preços da arroba começaram a ceder, gerando um prejuízo ao confinador”, destaca Rizzotto.
Na medida em que os confinadores passaram a fazer a reposição – explica Lindonez Rizzotto, os preços estavam elevados e os insumos com custo alto, gerando um desembolso considerável para a terminação do animal para fins de abate. “Isso causou preocupação e o ano de 2022 não terminou bem, com um certo pessimismo entre todos os criadores”.
Para 2023, o ano não começou diferente. O preço da arroba caiu na maioria dos grandes centros produtores de carne bovina. Hoje, na região de Cascavel, a arroba está cotada a R$ 265. Diante dessa realidade, os frigoríficos em todo o País adotaram escalas mais alongadas. “O produtor está amargando alguns prejuízos, aumentando a crise por conta do fechamento de alguns frigoríficos, provocando desequilíbrio”.
A expectativa agora paira sobre um volume maior de exportações e uma safra de grãos, com bons resultados, para que esse cenário apresente evolução no segundo semestre deste ano e seja equacionado, tranquilizando o produtor de gado de corte. “Observamos em todos os estados brasileiros, em especial no Sul e Sudeste, produtores contabilizando perdas, em especial, os confinadores”.
Segundo ele, vale lembrar ainda que há poucos dias, a arroba estava com preço variando entre R$ 255 e R$ 260, contrapondo o custo para produzir uma arroba que era de R$ 265.
América do Sul
Enquanto isso, a América do Sul está cada vez mais dependente de um único mercado, o chinês. Em 2022, as exportações dessa proteína geraram uma receita de US$ 19 bilhões. A China importou 53,3% de toda a carne bovina brasileira. Muito maior foi a participação dos chineses nas receitas, alcançando 61%. No caso da Argentina, 77,6% do volume de carne bovina foi enviado para o exterior, tendo como destino a China, conforme o Instituto de Promoção da Carne Bovina da Argentina. O mesmo ocorreu com o Uruguai. Somente nas três primeiras semanas de janeiro, a aquisição chegou a 54% da carne bovina exportada pelo país, conforme o Instituto Nacional e Carnes.
O cenário tende a ser manter nesse ano, com o Brasil aumentando sua participação no mercado chinês e suprindo a lacuna deixada por outros países que sofreram redução de seus planteis, como é o caso dos Estados Unidos e Argentina.
O consumo na China cresceu em um ritmo superior ao da produção. Para esse ano, o rebanho deverá superar 100 milhões de cabeças. Conforme o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção de carne bovina saltou para 7,35 milhões de toneladas. Em contrapartida, o consumo subiu para 10,9 milhões. As exportações brasileiras de carnes bovinas e derivados somaram US$ 13,1 bilhões em 2022. As do Uruguai e as da Argentina, incluindo carnes resfriada, congelada e processada, subiram para US$ 2,6 bilhões e US$ 3,4 bilhões, respectivamente.
Foto: AEN