Agronegócio

Plantio de feijão no Brasil ocupa menor área dos últimos 30 anos

Plantio de feijão no Brasil ocupa menor área dos últimos 30 anos

Cascavel – A diminuição das áreas de plantio de feijão no Brasil é um caso alarmante. De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), temos na safra 2021/22 a menor área cultivada com o grão desde 1976. Mesmo com os avanços tecnológicos e de pesquisa, não é possível aumentar a produtividade a ponto de equiparar a perda de áreas plantadas. Enquanto isso, segundo dados do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais), o consumo da população brasileira gira em torno de 223 mil toneladas de Feijão.

A conta não fecha e os reflexos são graves. O principal deles é a falta de um dos principais produtos da cesta básica brasileira na mesa da população, seguido do aumento do preço nas gôndolas, que acaba limitando o poder de compra de boa parte das famílias. Ou seja, falta do alimento de qualquer forma, seja por escassez ou por preço.

“Há tempos não temos excedentes. Todo feijão-carioca colhido é imediatamente consumido. Abriremos o ano com redução de 13% no Paraná. O que significa que não haverá recuos significativos no momento da colheita em janeiro e fevereiro. Estamos levantando as áreas de plantio dos outros estados, principalmente Minas Gerais, que deverá plantar a maior área desta primeira safra”, afirmou o presidente do Ibrafe, Marcelo Eduardo Lüders.

“Concorrência”

Um dos principais fatores que causaram a diminuição das áreas de plantio do feijão é a concorrência direta com a soja e o milho, commodities que apresentam grande mercado externo, com valores pré-fixados. Enquanto a área plantada de soja cresceu mais de 5 vezes, ou 460%, passando de 6,9 milhões de hectares para 38,9 milhões de hectares e a de milho quase dobrou, passando de 11,7 milhões de hectares para 19,9 milhões, o Feijão, por sua vez, segue perdendo espaço. É a cultura com maior redução estimada de área, totalizando 1,048 milhão de hectares na próxima década. O arroz vem em segundo lugar, com perda de 1,046 milhão de hectares.

Mas esses números podem ficar ainda piores. De acordo com projeções do Ministério da Agricultura a Abastecimento (MAPA), a dinâmica atual deve se estender pelo menos pelos próximos dez anos. A expectativa é que, entre as safras de 2020/21 e de 2030/31, a área cultivada da soja ainda vá expandir mais 26,8%, chegando a ocupar 48,8 milhões de hectares.

Estoque baixo

Como se não bastasse a produção menor, o Brasil enfrenta um segundo problema que é a falta armazenamento. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla do inglês Food and Agriculture Organization) recomenda que um país tenha pelo menos três meses de estoque dos seus produtos básicos, especialmente daqueles produtos que sejam sensíveis a quebras de safra e que tenham dificuldade de importação, que é o caso do Feijão.

Conforme informações da Conab, os estoques públicos de feijão no país foram reduzidos consideravelmente em 2016 e estão completamente zerados desde 2017. Produção deficitária e falta de estoques públicos fazem com que o país dependa cada vez mais das importações.

Foto: Arquivo/ABR