Agronegócio

Resiliência: avicultura passa por teste com alta dos custos de produção

Resiliência: avicultura passa por teste com alta dos custos de produção

Cascavel – Atividade tão antiga quanto a própria agricultura, a avicultura tenta se reinventar. Uma sucessão de adversidades atribuídas à pandemia do novo coronavírus e ao elevado custo de produção, jogaram um balde de água fria nas expectativas dos avicultores, porém, a ‘saga’ continua. Esta não é a primeira e, certamente, não será o último período de “crise” do setor. O agro, como um todo, tem uma capacidade de resiliência conhecida e invejável.

Nos últimos seis meses, os itens que mais pesaram no bolso do avicultor foram o custo da energia elétrica, a lenha que aquece os aviários e a mão de obra. Os dados são de levantamento apresentado pelo Sistema Faep/Senar-PR. Assim como em anos anteriores, a atividade trabalha com margem apertada, se agravando com a alta em diversos itens indispensáveis para a boa produção. Outra conclusão do estudo é que, quanto maior a escala de produção, menor é o prejuízo; e que nas regiões onde os produtores participam ativamente das Codescs (Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração) existe mais capacidade de negociação junto às integradoras.

 

“No vermelho”

O levantamento de custos conduzido pelo Sistema Faep/Senar-PR mostrou que 92% das propriedades analisadas estão trabalhando no vermelho, pois não conseguem cobrir os custos totais de produção com o valor recebido pelas integradoras. Em 88,5% dos modais, o saldo recebido cobriu os custos variáveis, o que significa que a remuneração recebida pelos produtores foi suficiente apenas para arcar com as despesas do lote. Mesmo assim, no médio e longo prazo, a atividade fica prejudicada, pois não teria como cobrir o desgaste dos equipamentos, renovar nem ampliar suas instalações.

Na comparação com o último levantamento (novembro de 2021), a receita total recebida pelos avicultores aumentou em todos os modais analisados. Mesmo assim, os ganhos recebidos não foram suficientes para cobrir os custos totais, que em 77% dos casos registraram aumento maior que a receita.

Segundo a técnica do DTE (Departamento Técnico e Econômico) do Sistema Faep/Senar-PR, Mariani Benites, em praticamente todas as regiões e modais analisados, a remuneração dos produtores não aumentou na mesma proporção que os custos de produção. Das 26 propriedades modais analisadas, apenas duas apresentaram saldo sobre o custo total positivo. Ainda, 11,5% não conseguiram sequer arcar com o custo variável, ou seja, estes pagaram para trabalhar.

“O cenário a médio e longo prazos é preocupante, pois o produtor não está conseguindo ter reserva para quando precisar renovar suas instalações e equipamentos e nem a remuneração sobre o capital investido na atividade”, conclui a técnica.

Foto: Copacol