Com direito a solenidade de abertura oficial, execução do hino nacional e desfile das equipes esportivas, Cascavel realizou na manhã desta sexta-feira (24) o 1º Torneio da Abstinência, que envolveu quatro casas de recuperação da cidade – Nova Aliança, Molivi, Reviver Homem Leão e Prover. Também participaram equipes do Secretaria de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas sobre Drogas (Sesd) e do Serviço Integrado de Saúde Mental (SIM PR).
E os jogadores, o que acharam do evento? Na arquibancada se aquecendo para o próximo jogo estava Ronaldo, interno do Molivi e veterano do esporte que não escondia e emoção de participar do evento. “É gostoso, eu que tô com 50 anos, já fui melhor, né?” Ronaldo detalhou sobre a preparação para a competição. “Nós ficamos ansiosos a semana inteira, eu tava com covid e quarta-feira fui liberado para vir jogar, tá ruim para respirar mas vai.” Autor de um dos gols da equipe do Molivi na abertura do torneio, Ronaldo definiu assim a partida: “Em vista do time que temos, o jogo foi bom.”
O secretário Misael Junior destacou que o esporte é um aliado na prevenção às drogas e, também, na ressocialização. “Essas pessoas que estão aqui hoje, são pessoas que estavam em situação de rua, muitas vezes a família perdeu a esperança e eles mesmo, num determinado momento da vida, perderam a esperança de voltar à sociedade, se recuperar, de ser mais forte do que a droga que ele usa. Hoje eles estão mostrando que estão dispostos a se recuperarem”, avalia.
O diretor da Sesd, Rafael Tortato, destacou que o evento é histórico. “É a primeira vez que acontece esse torneio. A atividade física, o esporte estão sendo usados com tratamento e reinserção social”, afirma.
O pastor Milton Cesar Fontoura Alves, coordenador do Movimento para Libertação de Vidas (Molivi), diz que o futebol é um esporte de contato e de regras. “Isso é bom porque muitos deles perderam a noção de regras e o esporte estabelece regras e limitações”, observa.
Mas e quem treina esses pacientes para as partidas, o que pensa dessa inciativa? O professor e técnico João Pedro Ramalho contou como é essa integração no esporte. “Eu acho algo não só gostoso, mas necessário. Eu sou professor deles e para mim é uma grande alegria, porque o esporte sempre foi uma porta de saída das drogas, e para eles é de suma importância ter essa convivência com outras pessoas. Tinha alguns que estavam meio desanimados e eu falei para eles que ‘o importante não é ganhar, mas é mostrar que vocês estão fazendo’. Para mim é muita alegria poder ser o técnico do time.”
Eugênio Rozetti Filho, coordenador do SIM-PR, destacou a importância da integração desses pacientes em atividades esportivas. “Aqui, especificamente, hoje são pessoas que estão em tratamento, pessoas que deram a sorte de estarem bem, vivas, e ainda podem buscar o controle dessa doença tão terrível. Então, essa união, essa confraternização, a gente usa para mostrar a eles que é possível ter uma vida livre, uma vida alegre, através do esporte e, principalmente, longe das drogas”, enfatiza.
O campeão do torneio foi a equipe do Prover e o segundo colocado na competição foi o Molivi.
Após os jogos, os atletas participaram de um almoço de confraternização.
Secom