Cascavel – Depois de registrar aumento de 55% nas vendas de carros usados no primeiro semestre de 2021, o mercado de revenda de veículos estagnou e começou a entrar em declive a partir de outubro com as montadoras retomando a produção e voltando a entregar veículos novos. No primeiro semestre, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) chegou a publicar dados sobre a falta dos semicondutores, apontando que até 120 mil veículos deixaram de ser fabricados e entregue na primeira metade do ano.
Em Cascavel, os lojistas já sentem os reflexos desta queda no volume de vendas. Um lojista que preferiu não se identificar contou ao O Paraná que atualmente há dificuldade em comprar veículos, por conta do aumento no preço dos “seminovos”. Esta crescente no valor faz com que a margem de lucro se torne baixa e, muitas vezes, para o comerciante acaba não compensando adquirir um veículo usado para a revenda. “Para você ter ideia, a moto mais barata que tenho hoje para vender, uma Honda CG 2018, custa R$ 11 mil”, conta.
Segundo o lojista, outro fator prejudicial para as revendedoras foi o crescimento do trabalho informal. “Na pandemia muitas pessoas migraram para a venda de veículos, gostaram disso e passaram a trabalhar somente com a comercialização”, disse, pontuando uma concorrência “desleal”.
O trabalho informal consiste na realização de atividades sem vínculos empregatícios ou registros formais. Os bons resultados obtidos por pessoas que se reinventaram durante a pandemia fizeram com que este tipo de “mercado alternativo” tivesse um crescimento significativo. A internet também favoreceu este grupo, que anuncia e vende para qualquer lugar, com bastante facilidade.
SALDO POSITIVO
Apesar da queda nas vendas registrada nas últimas semanas, o setor ainda contabiliza saldo positivo em 2021. De acordo com a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), em razão da pandemia de Covid-19, muitas pessoas preferiram evitar o transporte público e os carros por aplicativo, e passaram a investir em um veículo próprio. Entretanto, o avanço da vacinação permitiu com que o trabalho das montadoras fosse retomado, aumentando a opção pelo veículo 0 km, consequentemente, derrubando a venda (mas não o preço) dos usados.
Segundo o informativo da Fenauto, a média de vendas diárias por dia útil, no mês de outubro, ficou 8,5% menor do que a média registrada em setembro, mês no qual a comercialização diária foi de 63.823 veículos e total de 1.340.277 vendas. Já em outubro, o número reduziu para 58.424 vendas diárias e o mês fechou em 1.168.479 negociações.
O presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos, acredita que as variações de vendas ainda podem ocorrer até o dia 31. Ele destacou que o total de acumulado de carros usados comercializados até o final de outubro (12.739.688), já ultrapassou a marca dos 12,7 milhões de veículos vendidos durante todo o ano de 2020. “Esperamos que o ano feche com um viés positivo, acompanhando o desempenho da economia”.
INFLAÇÃO
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou para 1,25% em outubro, após ter registrado taxa de 1,16% em setembro, revelou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses. O aumento dos combustíveis é um dos principais fatores da maior inflação no país.
Apesar dos números afetarem a economia, na visão de empresários do mercado de veículos usados e seminovos, o consumidor desse produto não deverá arrefecer o interesse. A justificativa é devido ao aumento do preço do zero quilômetro e a falta de produtos no mercado.
Valorização dos usados aumenta IPVA
Como o O Paraná já alertou em novembro, os proprietários de veículos vão ter que se preocupar com o valor do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), que segundo estimativas, poderá subir até 30% na comparação com este ano. De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná as alíquotas estaduais não terão nenhuma alteração na cobrança do imposto, porém, a alta se dará por conta da elevação do preço dos automóveis no Brasil esse ano. O valor médio dos veículos aumentaou cerca de 25%.
O cálculo do IPVA 2022 é feito com base no valor atual do modelo, do mês em que será calculado. O valor venal é calculado com base nos preços registrados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ou seja, se aumenta o valor do carro, consequentemente, aumentará o valor do imposto em questão. No Paraná o IPVA tem uma alíquota de 3,5% e é calculado com base no valor venal do veículo.
(Redação: Paulo Eduardo)