Agronegócio

Seab reúne cooperativas para estimular o plantio de milho na primavera

A disparada do preço do milho, que triplicou em pouco mais de um ano, e a quebra de mais da metade da safra paranaense agravam a situação da pecuária de leite e da avicultura, que dependem do grão como ração

Plantação de milho. Londrina,10/10/2019 Foto:Jaelson Lucas / AEN
Plantação de milho. Londrina,10/10/2019 Foto:Jaelson Lucas / AEN

Seab reúne entidades e cooperativas para incentivar plantio de milho na primavera

 

Cascavel – A disparada do preço do milho, que triplicou em pouco mais de um ano estimulado pela demanda internacional aquecida, e a recente quebra da safra paranaense, já estimada em 8,5 milhões de toneladas a menos (-58%), agravam a situação da pecuária de leite e da avicultura, que dependem do grão como ração.

O cenário vem crítico desde o ano passado, o que obrigou a indústria a importar milho de países vizinhos, mas ainda assim o aumento dos custos prejudica as cadeias agroindustriais.

Atento aos movimentos, o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, tem feito reuniões técnicas com entidades, cooperativas e indústria para discutir a questão e, principalmente, estimular o plantio do milho na primavera, no lugar da soja. “É uma safra [nacional] que já perdeu 16 milhões de toneladas em relação a 2020, mas acho que vai cair mais e ainda terá problema de qualidade. É problema do preço, de abastecimento, fica agudo… Vai ficar caro para produzir e dependendo de buscar milho onde tiver, e até suspender contrato de exportação [as empresas recompram]. Isso remete à ideia de que era necessário e seria bom que plantássemos mais milho na primavera”, explica.

Ele faz as contas: “O milho a R$ 95 [a saca], se eu colher duas vezes a produtividade da soja, de 6 mil a 7 mil quilos de milho [por alqueire], já tenho um ganho de R$ 32 sobre a soja, sem considerar os custos de cada cultura”. Historicamente, essa relação era de 3 x 1. Mas reforça: “Só que isso é uma decisão do agricultor e, para muitos, já é tarde essa proposta, porque já compraram a semente”.

Ortigara reforça que “o nosso desejo é que houvesse mais milho na primavera, pois é bom para o modelo agrícola, rotatividade de cultura, mas o produtor olha a conta. Tenho a impressão que alguns vão fazer alguma inflexão [da curva] para cima”, referindo-se a um pequeno aumento de área esperado.

Ele conta que, apesar do apelo do setor de carnes, é um bom negócio plantar milho na primavera, até porque esse cenário não deve mudar no curto prazo. Só que lembra de outras questões. Muitos plantam soja agora e na sequência fazem a safrinha, ou seja, já vão plantar milho. “Se plantar milho agora, vão plantar o que depois?”, indaga.

Por isso, ele acredita que, em algumas regiões onde não se cultiva a safrinha, é possível que uma área seja destinada ao milho na primavera.

Ortigara ressalta que o Estado não pode oferecer subsídios nem vantagens financeiras. “Discutimos com vários setores, estamos discutindo ainda, fazendo reuniões técnicas com o setor e todos são favoráveis. Temos estimulado que tudo seja contratual, com cláusulas com revisão para cima do preço, em caso de aumento. Mas o Estado não pode se meter nisso, seria marginal”.