Rio de Janeiro – A inflação deu mais um salto em maio e levou o mercado a aumentar o nível de preocupação com seu avanço. Sob pressão de preços monitorados pelo governo, como a energia elétrica e os combustíveis, mas também de aumentos acima do previsto em outros itens da cesta de consumo das famílias, o IPCA – índice oficial de inflação do País – ficou em 0,83% em maio, maior resultado para o mês desde 1996, segundo os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nessa quarta-feira (9).
Os analistas alertam que a inflação está mais alta, mais disseminada e mais duradoura do que se estimava anteriormente. A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses subiu a 8,06% em maio, ante uma meta de inflação de 3,75% perseguida pelo Banco Central ao fim deste ano (com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos).
Com esse resultado, os economistas estão revisando para cima suas previsões de inflação para o ano e elevando as estimativas para a taxa de juros – a ferramenta usada pelo Banco Central para tentar conter a alta de preços. “O índice está alto e causa preocupação. Isso deve levar o Banco Central a continuar a subir a taxa de juros [Selic]”, disse o economista-chefe do Banco Itaú, Mário Mesquita.
Mais grave
Mas se a inflação está alta, o aumento de preços atinge ainda mais duramente as famílias com renda mais baixa. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a variação da cesta de compras para famílias com renda até cinco salários mínimos, ficou em 0,96% em maio deste ano, a maior taxa para o mês desde 2016 (0,98%).
O índice ficou acima do observado em abril (0,38%), segundo dados divulgados pelo IBGE.
O INPC acumula 3,33% no ano e 8,9% em 12 meses. O INPC teve percentuais maiores do que os da inflação oficial, medida pelo IPCA, que acusou variações de 0,83% em maio, de 3,22% no ano e de 8,06% em 12 meses.
Em maio, os produtos alimentícios, medidos pelo INPC, tiveram inflação de 0,53%, enquanto os não alimentícios registraram alta de preços de 1,1%, no período.