Menos de uma semana após assumir interinamente a presidência do Peru, Manuel Merino renunciou ao cargo neste domingo (15), pressionado por protestos de rua que ocorrem desde terça-feira, os quais já deixaram ao menos dois mortos e dezenas de feridos. Partidos políticos pediam a renúncia de Merino após a convulsão social instaurada no país.
Desde a destituição do presidente Martín Vizcarra, aprovada pelo Congresso em votação contestada por juristas e políticos peruanos, manifestantes saem às ruas contra o novo governo interino. No sábado, duas pessoas morreram nos protestos. Neste domingo, Merino perdeu o apoio majoritário do Congresso e parte de seu gabinete afirmou que renunciaria.
“Quero tornar público que apresento minha renúncia”, afirmou Merino em pronunciamento hoje. Manifestantes no centro da capital, Lima, comemoraram. No pronunciamento, Merino disse ter recebido cartas de renúncias de diferentes ministros, mas afirmou que eles ficam nos cargos “até que o período de incerteza passe”.
Após a noite de intensos protestos em Lima no sábado, 13 dos 18 ministros do novo governo peruano renunciaram a seus cargos, junto de seus vice-ministros.
Propinas
Merino assumiu a presidência do Peru na terça-feira, um dia após a destituição de Vizcarra, acusado de “incapacidade moral” por denúncias de recebimento de propina para autorizar obras públicas quando era governador de Moquegua (ao sul do país), em 2014. Como Vizcarra não tinha vice-presidente, foi substituído por Merino, presidente do Congresso e integrante do grupo político de centro-direita Ação Popular (AP).
Ainda neste domingo, o Congresso fará uma sessão extraordinária para definir quem assume a presidência do país. Analistas acreditam que deve ser eleito algum congressista que tenha votado contra a destituição de Vizcarra e possa, assim, ter maior base de apoio interno e popular.