Economia

Crédito mais barato: Apenas 1% dos micros e pequenos do PR consegue acesso ao Pronampe

A crise atinge principalmente micros e pequenos empreendedores, que, com menos reservas e queda no faturamento, precisaram recorrer aos bancos para manter suas empresas ativas

Curitiba – Muita demanda para pouquíssimo dinheiro disponível. Esse é o triste cenário do mercado de crédito no Brasil, que ficou ainda mais evidente desde o início da pandemia da covid-19, em março. A crise atinge principalmente micros e pequenos empreendedores, que, com menos reservas e queda no faturamento, precisaram recorrer aos bancos para manter suas empresas ativas. Só que poucos conseguiram o que buscavam.

Após o fiasco da primeira oferta de crédito, o governo apresentou uma linha específica para empresas de pequeno porte, o Pronampe (Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Anunciado em 16 de junho, os recursos praticamente já se esgotaram.

Dos R$ 15,9 bilhões liberados, com garantia do governo federal e taxas bem mais atrativas que as praticadas no mercado, R$ 1,226 ficou para o Paraná, captado por cerca de 14,5 mil pequenos negócios, menos de 1% do total de empresas desse porte no Estado.

No Brasil, de acordo com dados do Sebrae, existem 6,4 milhões de estabelecimentos, sendo que 99% são micros e pequenas empresas, respondendo por 52% dos empregos formais no País. O Paraná tem aproximadamente 1,5 milhão de empresas, sendo 1,35 milhão micros e pequenas.

De acordo com o especialista em crédito da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), João Baptista Guimarães, neste momento a necessidade maior é por crédito para capital de giro: “As empresas precisam de fôlego financeiro para sobreviver até que a situação no Brasil se normalize. Muitos pedidos são para pagamento de salários e de despesas básicas”, lista.

Além de Caixa e Banco do Brasil, que já haviam anunciado que os empréstimos do Pronampe haviam acabado na semana passada, o Itaú também informou esta semana que já utilizou todo o limite destinado ao socorro de pequenos negócios. Dos R$ 15,9 bilhões liberados pelo governo federal, cerca de R$ 13 bilhões (82%) foram geridos por Caixa, BB e Itaú. O restante foi destinado a outras instituições financeiras que já estão anunciando o fim dos recursos.

O Paraná foi o terceiro estado do País que mais tomou dinheiro pelo programa, superado apenas por São Paulo (43 mil empresas e R$ 3,95 bilhões) e Minas Gerais (21 mil empresas e R$ 1,77 bilhão), respectivamente.

“O que ficou claro, em função da velocidade com que os recursos se esgotaram nos bancos, é que há uma grande demanda por crédito em boas condições como essa. Agora a expectativa é de que, diante dessa situação, o governo libere novos recursos para esse contingente que não foi atendido”, avalia Guimarães.

Segundo ele, já tramita no Congresso pedido para aporte de R$ 12 bilhões ao Pronampe que, embora urgentes e necessários, também serão insuficientes diante da demanda.

Mais barato

Além da necessidade urgente em função da crise, a grande procura se justifica em virtude de taxas mais atrativas e melhores condições de pagamento em relação ao praticado no mercado. A linha de crédito do Pronampe tem a taxa de juros anual equivalente à Selic (2,25% ao ano) mais 1,25% ao ano, aproximadamente 0,30% ao mês. O prazo de pagamento é de até três anos (36 meses) e há um período de carência de oito meses para o início do pagamento do financiamento.

“Também é importante lembrar que as micro e pequenas empresas que solicitarem essa linha de crédito precisam manter o atual quadro de funcionários por até 60 dias após receberem a parcela do financiamento”, acrescenta Guimarães.

Quem não conseguiu?

Guimarães explica que está sendo recomendado aos empresários que pesquisem muito, não fiquem reféns dos bancos que têm conta, que procurem as entidades de classe, porque existem algumas opções mais atrativas que o crédito convencional. Ele cita a Fomento Paraná, que dá desconto para recursos para a folha de pagamento. “Temos oferecido outras linhas para as empresas comprarem e tomarem a decisão, se desejam aguardar pela segunda leva do Pronampe, ou trabalhar com outras linhas de programas emergenciais”, explica.

Pandemia fechou 522 mil empresas

Rio de Janeiro – A pandemia do novo coronavírus foi responsável pelo fechamento de 522,7 mil empresas no País apenas na primeira quinzena de junho – quase 40% dos 1,3 milhão de estabelecimentos que estavam fechados nesse período (temporária ou definitivamente). Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre as empresas fechadas pela pandemia, 518,4 mil (99,2%) eram de pequeno porte, ou seja, tinham até 49 empregados. Outras 4,1 mil tinham porte intermediário, de 50 a 499 empregados, e 110 eram grandes empresas, possuíam mais de 500 empregados.

Ainda entre as empresas com atividades encerradas por causa da pandemia, 258,5 mil (49,5%) delas eram do setor de Serviços, 192 mil (36,7%) do Comércio, 38,4 mil (7,4%) da Construção e 33,7 mil (6,4%) da Indústria.

Na primeira quinzena de junho, o País tinha cerca de 4 milhões de empresas, sendo 2,7 milhões (67,4%) em funcionamento total ou parcial, 610,3 mil (15,0%) fechadas temporariamente e 716,4 mil (17,6%) encerradas em definitivo.