Economia

Tensão mundial: Dólar fecha a R$ 4,65, mesmo com três leilões

Em algumas casas de câmbio, a moeda era vendida acima de R$ 5 no mercado paralelo.

Tensão mundial: Dólar fecha a R$ 4,65, mesmo com três leilões

São Paulo – Após chegar a R$ 4,667 durante o pregão dessa quinta-feira (5), o dólar desacelerou a alta com o terceiro leilão de swap cambial do Banco Central no dia e fechou a R$ 4,653, alta de 1,6%. O turismo está a R$ 4,84 na venda. Em algumas casas de câmbio, a moeda era vendida acima de R$ 5 no mercado paralelo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a cotação do dólar pode ir a R$ 5 caso “muita besteira” seja feita. “Pode chegar a cinco? Ué, se o presidente pedir para sair, se todo o mundo pedir para sair. É um câmbio que flutua, se fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível”, disse, em evento na Fiesp.

Na sessão de ontem, o BC ofertou US$ 3 bilhões divididos em três leilões de 20 mil contratos de swap cambial cada um. A medida aumenta a oferta da moeda no mercado, já que o BC oferece contratos que remuneram o investidor pela variação cambial, o que ajuda a reduzir o preço do dólar.

Mesmo assim, o dólar foi ao seu 11º recorde nominal (sem contar a inflação) seguido em uma sequência de 12 altas consecutivas, a maior desde janeiro de 1999, quando o BC encerrou a política do câmbio fixo.

A alta do dólar neste ano é fruto do temor de investidores com o impacto econômico do coronavírus junto a um cenário de juros mais baixos no Brasil.

Após o corte surpresa de 0,50 ponto percentual na taxa de juros americano na terça (3), o mercado vê mais espaço para uma redução na Selic no dia 18, próxima reunião de política monetária do BC. As projeções apontam a taxa entre 3,75% e 3,5% ao fim deste ano. No momento, ela está a 4,25% ao ano, mínima histórica.

A pressão no real devido a juros mais baixos no Brasil, que levam o estrangeiro a tirar dólares do país, levou a moeda brasileira a ter o pior desempenho do mundo em 2020, com desvalorização de 15,6%. Desde 30 de dezembro de 2019, quando a moeda estava a R$ 4,014, o dólar ficou R$ 0,64 mais caro.

Guedes diz que economia está “reacelerando”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem (5) que o último resultado do PIB (Produto Interno Bruto) mostra que a economia brasileira está “reacelerando”. Segundo ele, na comparação trimestre a trimestre é possível observar que a expansão da produção de bens e serviços foi aumentando ao longo de 2019.

O PIB fechou o ano passado com crescimento de 1,1% frente a 2018. O resultado foi alcançado após a variação do quarto trimestre de 2019, que teve alta de 0,5% na comparação com o período anterior. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018 houve elevação de 1,7%.

“A economia, que estava a 0,7% [no primeiro trimestre de 2019], foi reacelerando ao longo do ano e terminou o ano já rodando a quase 2%”, disse o ministro.

Para este ano, a estimativa de Guedes é de que a economia brasileira cresça 2%. O ministro acredita que a epidemia de coronavírus tenha poucos impactos no Brasil. Segundo ele, a economia nacional ainda é muito fechada e, por isso, é menos afetada pelas mudanças no cenário global.

Guedes atribuiu as recentes altas do dólar a um ajuste do cenário econômico, com menos gastos públicos e juros mais baixos: “O modelo econômico mudou. O Brasil passou quatro décadas como paraíso dos rentistas e o inferno dos empreendedores. Modelo onde a taxa de juros estava sempre lá em cima, o governo se endividando em bola de neve, juros a 60% ao ano. Nós passamos uma década com juros de dois dígitos. E depois continuamos com os juros altos”, disse.

Para ele, o cenário abre outras possibilidades para o aquecimento econômico: “Vai ter consumo, vai ter investimento, porque os juros são mais baixos. E ao mesmo tempo vai ter mais exportação, porque o câmbio está lá [em cima]. A inflação está baixa, em 4% também”.