Técnicos do Instituto Emater e pesquisadores do Instituto de Agronômico do Paraná (Iapar) vão se reunir nesta quinta-feira (21), em Maringá, no Parque de Exposição Francisco Feio Ribeiro, para divulgar o uso de tensiômetros nas propriedades que quiserem adotar a irrigação. Eles vão explicar a produtores e técnicos os detalhes do uso do equipamento, que monitora a tensão de água no solo e indica o momento adequado para se fazer a irrigação.
Segundo os extensionistas, com essa tecnologia é possível manter uma boa condição de umidade do solo, de maneira que as plantas não sofram com excesso ou escassez de água. Edson Luiz Diogo de Almeida, do Instituto Emater de Maringá, recomenda que antes de adquirir e instalar o tensiômetro, o produtor faça uma análise física do solo.
Ele lembra que é preciso fazer o monitoramento diário da tensão de retenção da água na área a ser irrigada. A partir das tabelas definidas pela pesquisa será possível identificar o momento certo de se fazer a irrigação.
EXTENSÃO+PESQUISA – A ideia de usar tensiômetros para avaliar o momento certo de irrigar as áreas de lavoura surgiu como resultado do trabalho conjunto da extensão rural e pesquisa. “Na rotina de acompanhamento e assistência técnica a produtores rurais da região do Arenito Caiuá, técnicos constataram que diversas propriedades com áreas irrigadas de pastagem não obtinham os resultados esperados”, explicou Edson Almeida.
Segundo ele, muitas vezes a causa era a falta de um bom manejo da fertilidade do solo e das pastagens, mas também sistemas de irrigação mal manejados, sem ferramentas e instrumentos para determinar o momento e a lâmina adequada de aplicação de água que a cultura exige.
Em 2015 uma equipe de técnicos e pesquisadores iniciou um diagnóstico dessas áreas irrigadas. Foi feito o levantamento da realidade em 50 propriedades da região do Arenito. Como resultado desse trabalho, detectou-se a necessidade de um estudo mais amplo dessas áreas para que esses dados se transformassem em uma ferramenta de manejo a ser utilizada pelos produtores.
Para um bom diagnóstico desses solos arenosos, ficou evidente a necessidade de conhecer as características físico-hídricas dessa região. Sendo assim, os pesquisadores do Iapar, apoiados por extensionistas do Instituto Emater, selecionaram dez propriedades com características distintas para um trabalho de amostragem de solo e determinação das características físicas e obtenção da Capacidade de Água Disponível (CAD) desses solos.
O pesquisador Jonez Fidalsk, da área de solos do Iapar, construiu a curva de retenção de cada área, identificando a capacidade de água disponível.
A partir desses dados o pesquisador concluiu que cada centímetro no perfil do solo retém um milímetro de água, independente do teor de areia dos solos estudados do Arenito. O que varia é a tensão de retenção desta água no solo, de acordo com o teor de areia.
Com esses dados e o auxílio do pesquisador da área de irrigação, Celso Helbel Júnior, foi feita uma tabela que relaciona o teor de areia e a tensão em que a água fica retida no solo.
TENSIÔMETRO – Com essa informação, e considerando um coeficiente de segurança correspondente a 50% da capacidade de água disponível, os pesquisadores determinaram as tensões da água para situações em que o solo pode ser considerado úmido e também para momentos em que está seco.
Com esses dados os técnicos conseguem recomendar uma lâmina de reposição de água, via irrigação, quando essa tensão se aproxima a menos da metade da capacidade de água disponível. Feita essa reposição, o solo voltaria à condição em que as plantas aproveitam a umidade do solo.
Estabelecidos esses parâmetros ainda faltava uma ferramenta que avaliasse a tensão da água no solo. Em 2018, com recursos do Programa de Manejo de Solos e Águas, foram adquiridos seis tensiômetros que foram instalados em uma área de pastagem, na propriedade de Antonio Moreira, em Terra Rica.
Durante seis meses foi feita a avaliação, com leituras diárias efetuadas pelo produtor. Foi possível constatar que os tensiômetros se mostraram eficientes para registrar as tensões, mesmo nos solos mais arenosos.
A tensão de retenção da água nos solos, com 55% a 91% de areia, sempre se manteve abaixo da tensão limite de trabalho do tensiômetro, portanto, o equipamento mostrou-se viável como ferramenta para ser utilizada no manejo da irrigação.