Nova York – Perto de 90% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial deve desacelerar em 2019, apontou Kristalina Georgieva, a nova diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), em seu primeiro discurso no cargo. Segundo ela, a economia global está em sincronizada redução de velocidade, uma situação bem diferente da registrada há dois anos, quando 75% do PIB do planeta apresentava expansão.
“A ampla desaceleração significa que o crescimento [global] neste ano atingirá o nível mais baixo desde o começo da década”, destacou Kristalina no texto preparado para o pronunciamento. “Na próxima semana, iremos divulgar [o relatório] Perspectiva Econômica Mundial que irá mostrar redução das previsões para 2019 e 2020”.
De acordo com a diretora-gerente do FMI, o mundo passa por uma situação complexa, pois ao mesmo tempo em que os Estados Unidos e a Alemanha apresentam taxas de desemprego em patamares muito baixos, há perda de vigor das suas economias, o que também ocorre em toda a zona do euro e no Japão. “Em alguns dos maiores mercados emergentes, como a Índia e o Brasil, a desaceleração é ainda mais pronunciada neste ano”.
No caso da China, ela destaca que o PIB está gradualmente reduzindo seu ritmo.
Para Kristalina Georgieva, a diminuição da velocidade do PIB global está relacionada com um conjunto de fatores que têm como ponto comum o que classificou de “fraturas”. Ela ponderou que a expansão do comércio internacional “está quase parada”. “A atividade manufatureira e o investimento enfraqueceram substancialmente em parte devido a tensões comerciais”, apontou a búlgara. “Há sérios riscos de que serviços e consumo poderão ser afetados logo”.
Segundo ela, incertezas geradas por pelas disputas no comércio global e também pelo Brexit e por questões geopolíticas estão coibindo o potencial de expansão do mundo.
Para a diretora-gerente do Fundo, todos perdem com a guerra comercial. “Os conflitos nesta área podem significar uma perda próxima a US$ 700 bilhões em 2020 ou 0,8 ponto porcentual do PIB global, aproximadamente o tamanho da economia da Suíça”.
Por outro lado, ela ponderou que os países precisam enfrentar preocupações legítimas com práticas comerciais, especialmente em relação a subsídios, propriedade intelectual e transferência de tecnologias.