Cotidiano

Renda cai 20% e famílias da Cootacar vivem situação crítica

A prefeitura cedeu o espaço na sede do Ecolixo com a promessa de buscar um novo barracão para os cooperados

Foto: Fabio Donegá
Foto: Fabio Donegá

O dia 1º de março ainda está vivo na lembrança dos trabalhadores da Cootacar (Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Cascavel). Foi quando viram o fogo consumir o barracão onde trabalhavam. Materiais e maquinários foram destruídos.

Desde então, trabalham de maneira improvisada na sede do Ecolixo. Lugar menor, renda menor. A prefeitura cedeu o espaço com a promessa de buscar um novo barracão. Eles ainda aguardam. “O termo de parceria que tínhamos com o Município venceu no dia 7 de julho. Foi aberto pela prefeitura um chamamento público e a gente participou para fazer outro convênio”, explica o gestor da Cootacar, Jonatas Barreto.

De acordo com ele, a dificuldade em encontrar um novo local está nas exigências que o barracão precisa atender: “Tem que ser grande, que caiba no mínimo 70 cooperados, ter hidrante, todo o equipamento do bombeiro, refeitório, banheiro…”

A reportagem enviou questionamentos à administração municipal sobre uma previsão de data para os cooperadores terem a nova sede, mas não houve respostas.

Renda menor

Antes do incêndio, os 70 cooperados eram divididos em quatro grupos, mas, como o espaço diminuiu e alguns equipamentos, como as esteiras, as prensas, os elevadores, as balanças e um caminhão, foram destruídos pelo fogo, os cooperados foram reorganizados em três grupos, que trabalham com três esteiras e três prensas, uma delas emprestada pela prefeitura.

Desde então, eles vêm driblando as dificuldades, mas no último mês a situação ficou bastante crítica. A renda caiu cerca de 20%, em média.

Jonatas Barreto explica que o consumo das pessoas no inverno diminuiu e mudou. “As pessoas consomem mais vinho do que cerveja. O quilo do vidro custa três centavos, enquanto o da latinha de cerveja custa R$ 4,10”. A situação acaba refletindo na renda dos trabalhadores.

“O grupo que tirava R$ 1.100 não consegue mais chegar a essa marca. Fica nessa ‘travinha’ de R$ 840 a R$ 940. Este [julho] foi o nosso pior mês, a média foi de R$ 800”, revela Jonatas. “E R$ 800 é o valor sem os descontos… a maioria das pessoas que trabalham aqui tem filhos pequenos. Muitos recebem cesta básica do Cras [Centro de Referência de Assistência Social], o que ajuda com os gastos”, conta Maria José dos Santos, uma das líderes de grupo e cooperadas mais antigas.

Sem ter o que comer

Maria dos Santos conta que alguns cooperados têm ficado sem alimento durante o mês. “Nós almoçamos aqui e um dia eu percebi que tinha muito fubá, macarrão e feijão, então conversei com o Jonatas [Barreto] e fizemos várias sacolas para distribuir para o pessoal. Muitos falaram que parecia que eu estava adivinhando que eles não tinham o que comer”.

Após o incêndio, a Secretaria de Assistência Social doou cestas básicas para a cooperativa e a população também doou alimentos. De acordo com o gestor da Cootacar, Jonatas Barreto, existe um estoque para aproximadamente três meses.

Autorização

A reportagem do HojeNews foi impedida de fotografar o interior do Ecolixo, mesmo se tratando de um espaço público cedido a uma cooperativa privada, pois, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, o Ecolixo é de responsabilidade da prefeitura e é preciso autorização prévia da pasta para fotografar, filmar, ou entrevistar os cooperados dentro do espaço. A cooperada Maria José dos Santos autorizou ser fotografada.

Reportagem: Milena Lemes

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