“No child should die of câncer”. Traduzindo para o português, “Nenhuma criança deve morrer de câncer”. A frase lema da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica, a Siop-2018, serve de alerta no Dia Mundial da Infância, celebrado em 21 de março, e retrata bem o que o Centro Infantil Boldrini – referência no tratamento de câncer infantil e doenças hematológicas – acredita e trabalha para alcançar.
A doença é a principal causa de morte entre crianças e adolescente entre um e 19 anos no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Os dados ainda apontam que 12.500 novos casos surgem por ano no País. Desses novos casos, cerca de 6.200 crianças são tratadas em hospitais públicos e em torno de 4 mil morrem sem tratamento ou ter a doença diagnosticada. A OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê que o número de casos de câncer infanto-juvenil deve chegar a 600 mil em todo o mundo em 2030.
Os desafios para se chegar ao que pretende a Siop-2018 são grandes. Os números assustam, mas também levam uma série de profissionais a investir seu trabalho na acolhida das crianças, tratamento e pesquisa sobre a doença. É o que acontece diariamente no Centro Infantil Boldrini, onde uma série de profissionais multidisciplinares luta dia a dia para mudar esses números e vêm conseguindo.
“Quando começamos o Boldrini, há 42 anos, a taxa de sobrevida era em torno de 5%. Hoje, em alguns casos, chegamos a mais de 80%, ultrapassando a média brasileira e de países em desenvolvimento de cerca de 60% e nos igualando aos números de países da Europa e aos Estados Unidos”, declara a presidente do Centro Infantil Boldrini, Silvia Brandalise.
A médica e pesquisadora credita os altos números conseguidos, entre diferentes fatores, ao tratamento multidisciplinar oferecido no hospital, à tecnologia utilizada, aos medicamentos de ponta (que nem sempre são fornecidos pelo governo federal e muitas vezes são importados com recursos próprios) e à pesquisa.
Mas, engana-se quem pensa que os altos índices de cura contentam. “É uma série de fatores que contribuem para o sucesso do tratamento. Mas não adianta termos 80% de sobrevida. Ainda faltam 20%. E, se chegarmos aos 100% de cura, temos que garantir que as causas do câncer sejam efetivamente combatidas”, avalia.
Pesquisa com gestantes visa chegar aos causadores da doença
O Centro Infantil Boldrini tem feito sua parte no combate às causas do câncer infantil. O hospital é o único do País a integrar uma pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) com grávidas de todo o mundo para detectar possíveis causadores da doença. Além disso, o Boldrini ainda conta com um moderno Centro de Pesquisas, que trabalha em diferentes vertentes.
A presidente do Centro Infantil Boldrini, Silvia Brandalise, também encabeçou com outros profissionais a realização, em setembro de 2019, do Fórum Internacional “Meio Ambiente e Câncer da Criança”, que trouxe à discussão as recentes pesquisas relacionando as interferências de poluentes do meio ambiente na saúde da criança. Mas, muito mais do que apresentar números e dados estatísticos, o evento buscou ações práticas para enfrentar a realidade demonstrada: criou o Grupo de Defesa dos Direitos da Criança à Saúde Ambiental e formulou a Declaração dos Direitos Ambientais da Criança.
“Nesse Dia Mundial da Infância e em todos os outros dias do ano temos que conscientizar a sociedade do tipo de vida e mundo que queremos e que isso influencia diretamente, como mostram as pesquisas, na saúde de nossas crianças mesmo antes do nascimento delas”, alerta Silvia Brandalise.
O Boldrini em números
Em seus 42 anos de história, recém-completados, o Centro Infantil Boldrini já atendeu aproximadamente 30 mil pacientes encaminhados com a suspeita ou o diagnóstico de câncer ou de doenças hematológicas, e 10 mil estão em acompanhamento ou passaram por tratamento. Considerando os tratamentos de tumores malignos, foram mais de 9 mil casos, dos quais cerca de 6 mil alcançaram a cura.
Para se ter uma ideia da grandiosidade desse trabalho, só em 2019 o hospital recebeu 582 novos pacientes com suspeita de câncer. Desses, aproximadamente 250 tiveram o diagnóstico de doença maligna confirmado e iniciaram o tratamento no hospital. No caso de doenças hematológicas, foram 200 novos pacientes no ano passado.
Ainda falando em números, o Boldrini realizou ao longo do ano passado mais de 79,1 mil consultas ambulatoriais (uma média de quase 3.200/mês), além de cerca de 29 mil sessões de quimioterapia.
Sobre o Centro Infantil Boldrini
Centro Infantil Boldrini é o maior hospital especializado na América Latina, localizado em Campinas, que há 42 anos atua no cuidado a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. Atualmente, o Boldrini trata cerca de 10 mil pacientes de diversas cidades brasileiras e alguns de países da América Latina, a maioria (80%) pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Um dos centros mais avançados do País, o Boldrini reúne alta tecnologia em diagnóstico e tratamento clínico especializado, comparáveis ao Primeiro Mundo, disponibilidade de leitos e atendimento humanitário às crianças portadoras dessas doenças. Fonte: www.boldrini.org.br.