ZÉ GOTINHA

Falta de imunizantes e fim da ‘gotinha’ modificam o calendário de vacinação

Descubra a mudança nas vacinas contra poliomielite: as famosas gotinhas estão sendo substituídas por uma dose injetável
Descubra a mudança nas vacinas contra poliomielite: as famosas gotinhas estão sendo substituídas por uma dose injetável

O famoso “Zé Gotinha” que foi personagem de muitas campanhas nacionais no mês de agosto – data sempre bastante reforçada por toda a mídia para lembrar os pais da importância da gotinha que salva vidas – está deixando de existir.

A partir desta semana todas as UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) passam a aplicar apenas a vacina inativada da poliomielite que é injetável, ou seja, as gotinhas estão dando lugar a uma dose diferente.

De acordo com o MS (Ministério da Saúde), a mudança passa a valer para todo território nacional já que o esquema vacinal contra poliomielite passa a ser composto exclusivamente pela a dose injetável.

A decisão em substituir as duas doses de reforço com vacina oral poliomielite bivalente, a famosa ‘gotinha’, pela injetável levou em conta as novas evidências científicas para proteção contra a doença. Com o avanço tecnológico, será possível garantir uma maior eficácia do esquema vacinal. 

De acordo com o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, a mudança é significativa e pode ser observada no mundo inteiro, visto que países como os Estados Unidos e nações europeias já utilizam esquemas vacinais exclusivos com a injetável. “O Ministério da Saúde está seguindo uma tendência mundial e substituindo as duas doses de reforço com a gotinha por uma dose da vacina injetável, que tem uma plataforma mais segura e protege muito bem as nossas crianças”, explicou.

Em todo o país, atualmente existem cerca de 38 mil salas de vacinação, sendo que a meta da pasta é que a cobertura vacinal alcance 95% até o fim deste ano. Em 2023, a cobertura da injetável foi de 86,5% e a de via oral 78,2%, segundo as informações contidas na Rede Nacional de Dados em Saúde.

O esquema vacinal anterior contemplava a administração de três doses da injetável aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da ‘gotinha’, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. A partir de hoje, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses. Desta forma o esquema vacinal passa a ser: 2 meses (1ª dose); 4 meses (2ª dose); 6 meses (3ª dose) e aos 15 meses a dose de reforço. 

Coberturas vacinais 

O Brasil tem se destacado positivamente no avanço das coberturas vacinais e a nova estratégia para uso do imunizante injetável é mais um passo para garantir que o Brasil se mantenha livre da poliomielite, já que o país está há 34 anos sem a doença, graças à vacinação em massa da população. 

Após enfrentar declínios desde o ano de 2016, em 2023 o país reverteu a tendência de queda de 13 dos 16 imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação, e a imunização contra a poliomielite no país é uma das causas do resultado positivo. 

Faltam vacinas

De acordo com o secretário municipal de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak, o novo esquema de vacinação já está disponível nas unidades de saúde da cidade, mas o que preocupa aqui é a questão da falta de vacinas que tem sido recorrente em todo o país. Em Cascavel, estão em falta, ao todo, três vacinas contra varicela, tetraviral e febre amarela.

Para se ter uma ideia, a vacina contra a febre amarela está em falta há aproximadamente 10 dias, sendo que o último lote chegou no final de setembro e todas as doses já foram aplicadas. Já o imunizante contra a varicela está em falta, sendo um problema que se arrasta desde o ano passado. Além disso, eles ainda têm a tetraviral que protege contra varicela, caxumba, rubéola e sarampo.

Segundo Bailak, em contato com o Ministério da Saúde eles disseram que não sabem quando será reposto os estoques, ou seja, não há previsão de chegada para as vacinas, portanto, a recomendação é que as pessoas procurem as unidades de saúde antes, para se informar e não perder a viagem.

Ele explicou ainda, que em setembro a Confederação Nacional dos Municípios havia feito um levantamento com mais de 2,5 mil cidades brasileiras a respeito da falta de vacinas e foi constatado que mais de 67% dos municípios estavam nessa situação. “São questões pontuais, daqui a pouco elas voltam, mas infelizmente nós temos visto isso com alguma recorrência ultimamente direcionada à ouvidoria do Ministério da Saúde, sobre essas faltas pontuais de vacina”, disse ele.