Brasília – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nessa sexta-feira (20) que até o fim de abril o sistema de saúde brasileiro pode entrar em colapso pela epidemia do novo coronavírus. “Claramente, em final de abril nosso sistema de saúde entra em colapso. Colapso é quando você tem dinheiro mas não tem onde entrar [nos hospitais]”, afirmou, Mandetta, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Eles participaram de videoconferência com empresários sobre medidas de enfrentamento ao coronavírus.
O ministro disse que pretende atuar para tentar evitar esse provável cenário: “A gente está modelando para ver se trabalhamos com algumas interrupções, segurando o máximo dos idosos, que são quem leva ao colapso do sistema”, explicou.
Mandetta disse que o padrão de transmissão do vírus é “muito competente”.
De acordo com ele, a curva de transmissão do novo coronavírus ainda vai começar nos próximos dez dias e o aumento de casos deve ter subida rápida em abril, maio e junho. O ministro previu a queda da curva de infecção só em setembro. “Mais difícil do que fechar um shopping é saber quando reabrir”, disse o ministro.
Recessão
O Brasil passará por uma recessão no primeiro semestre de 2020 devido aos impactos econômicos do avanço do novo coronavírus, prevê a SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Economia. A atividade econômica vai encolher 0,20% no primeiro trimestre e contrair 2,13% no segundo trimestre, sempre na comparação com os três meses imediatamente anteriores.
Quando há dois trimestres seguidos de queda no PIB (Produto Interno Bruto), um país entra na chamada “recessão técnica”. Caso se concretize na magnitude esperada pela SPE, a queda do segundo trimestre de 2020 pode ser a maior desde o segundo trimestre de 2015, quando houve um tombo de 2,2% contra o trimestre imediatamente anterior, segundo a série histórica IBGE.
“O mês de março já sofre com o início das paralisações das atividades da economia, reduzindo as nossas projeções de crescimento. No segundo trimestre ocorre o impacto mais forte, uma vez que é onde deve se concentrar a maior queda do PIB mundial e o maior período de paralisação de atividades econômicas”, diz a SPE.
Apesar disso, o órgão projeta uma recuperação a partir do terceiro trimestre, com alta de 1,17% em relação aos três meses imediatamente anteriores. No quarto trimestre, a expectativa é de avanço de 2,03% no mesmo tipo de comparação.
“Mantemos avaliação de que os choques pelos quais a economia brasileira está passando são em sua maioria transitórios, o que permitirá uma retomada a partir do segundo semestre deste ano.” Para o ano de 2020 fechado, o governo derrubou a projeção de crescimento de 2,1% para 0,02%.