CASCAVEL

Aedes aegypti: Por um lado mobilização e por outro mais casos e preocupação

Preocupação com surto de chikungunya coloca a dengue em segundo plano. Entenda os casos recentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti - Foto: Secom
Preocupação com surto de chikungunya coloca a dengue em segundo plano. Entenda os casos recentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti - Foto: Secom

Cascavel - Pelo primeiro ano na história da cidade, o mosquito Aedes aegypti trocou de vírus e está preocupando muito mais pelos casos de transmissão de febre chikungunya do que da dengue. Com um surto de casos instalado desde o ano passado em Cascavel, um grande mutirão de limpeza, roçada e de conscientização foi iniciado nesta quarta-feira (29) nos bairros da Região Norte – que concentram 87% dos casos positivos da doença, principalmente no Brasmadeira e Melissa.

Boletim semanal

Ontem (29) foi divulgado o boletim semanal que confirmou um aumento de 51 casos de doença que está preocupando os setores de saúde, passando de 167 para 218 de chikungunya e 46 casos de dengue. A ação nos bairros se estende durante a semana ou até que as equipes consigam cobrir todos os pontos já mapeados pela Vigilância Epidemiológica como áreas de casos confirmados e de possíveis focos.

Para o prefeito Renato Silva, que esteve no início da mobilização, é importante a população se unir a essa causa de saúde pública. “Essa é uma realidade que nós não vamos fugir. Por isso, estamos presentes aqui com toda nossa equipe para fazer este trabalho. O Município está encabeçando, porque sempre trabalhou e agora precisamos mais do que nunca estar presentes na comunidade e pedir que todo mundo se desperte e ajude a combater esse mosquito que é um perigo para a humanidade”, pontuou Silva.

Secretaria de Saúde

De acordo com o secretário municipal de Saúde de Cascavel, Ali Haidar, levantamento realizado pelos agentes de endemias – que intensificaram as ações na região desde dezembro do ano passado – demonstrou que pelo menos 30% dos focos da doença está sendo nas casas, ou seja, podem ser eliminados pelos moradores. “Precisamos da ajuda dos moradores e por isso, estamos nesta ação integrada, um verdadeiro arrastão, para que haja o descarte dos materiais que juntam água”, descreveu.

Haidar reforçou ainda que isso não deve ser feito apenas na Região Norte, mas sim em toda a cidade que já tem também casos confirmados. “Ele disse ainda que estão desenvolvendo ações de tentativa de bloqueio, preventivas e com os agentes de endemias. Também está sendo passado o veneno em pontos específicos. “Já foram sete ciclos de fumacê nesta região e ainda a gente tem problema com acúmulo de lixo, com resíduos descartados incorretamente. De nada vai adiantar ficar passando fumacê se tem acúmulo de lixo e material irregular nas residências, nós precisamos eliminar essa transmissão”, alertou o secretário.

Outro problema identificado é que, apesar da Sema (Secretaria Municipal de Meio ambiente) disponibilizar os serviços coleta de lixo comum, de recicláveis e até de volumosos, ainda foram constatados muitos casos de descarte irregular na região do Melissa, inclusive no rio que há na área. “As equipes de limpeza estão fazendo uma ação integrada para recolher resíduos onde há necessidade e ao mesmo tempo o recolhimento dos resíduos que foram separados pelo próprio cidadão, pois foram distribuídos sacos de lixo”, disse o secretário de Meio Ambiente, Aílton Lima.


A moradora Elizangela de Lima tem visto em casa as consequências da chikungunya, pois a mãe dela foi uma das pessoas que ficaram doentes. “É horrível, porque ela sentia muitas dores no corpo, não conseguia nem andar dentro de casa e ela ficou acho que uns dois meses seguidos sem andar direito. Por isso, a ação é importante, porque se a gente cuidar do lote da gente e os vizinhos não cuidarem do deles não vai adiantar”, frisou.


Sintomas prolongados

Com o surto da doença os impactos da doença têm chegado também aos consultórios reumatológicos. De acordo com o médico reumatologista Márcio Augusto Nogueira, membro das Sociedades Paranaense e Brasileira de Reumatologia, os estudos brasileiros indicam que a artrite causada pela Chikungunya tende a ser simétrica, afetando principalmente as mãos, seguidas pelos tornozelos e joelhos.

O que é Chikungunya?

A Chikungunya é uma infecção viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que provoca sintomas como febre alta, dores articulares intensas, rash cutâneo (grosseirão) na pele e, em alguns casos, diarreia e dor de cabeça. Na fase aguda, os pacientes apresentam quadros articulares muito intensos, que podem se estender por meses ou até anos”, relatou. Para ele, essas características ajudam a diferenciar a Chikungunya de outras doenças reumáticas, como a artrite reumatoide, já que a infecção viral geralmente vem acompanhada de um quadro febril.

No entanto, a preocupação aumenta devido à alta taxa de casos crônicos, já que cerca de 40% dos pacientes continuam com dores articulares meses após a infecção. Em alguns casos, essas dores persistem por mais de um ano, exigindo tratamentos especializados com o uso de imunossupressores. O diagnóstico pode ser realizado por meio de exames de sangue, já que na primeira semana do processo infeccioso, o exame de PCR-RT é o mais indicado e na segunda semana, a sorologia combinada com a análise clínica é fundamental para confirmar o diagnóstico.

Quanto ao tratamento, Nogueira explicou que ele deve começar com medidas básicas e avançar conforme a gravidade. “Inicialmente, utilizamos analgésicos para aliviar as dores e, em casos sem coinfecção com dengue ou comprometimento renal, podemos recorrer a anti-inflamatórios não hormonais. Já para os pacientes com sintomas persistentes, o uso de baixas doses de corticoides ou medicamentos como metotrexato ou leflunomida, devidamente prescrito pelo médico reumatologista, tem mostrado bons resultados”, conclui.