São Miguel do Iguaçu – Na primeira coletiva após assumir o cargo em substituição ao prefeito Claudio Dutra, que está preso em Foz do Iguaçu desde o dia 23 de setembro, o agora prefeito em exercício de São Miguel do Iguaçu, Albino Bissolotti, afirmou que “não vai ficar de braços cruzados”.
Claudio Dutra é acusado de envolvimento em organização criminosa que desviou R$ 8,6 milhões de recursos públicos destinados ao transporte escolar. E, em outra operação federal – Apocalipse, da Policia Federal -, Dutra recebeu nova ordem de prisão, mesmo dentro da penitenciária.
Segundo as investigações federais, 25 licitações em serviços de saúde, limpeza urbana, esporte e cultura teriam sido direcionadas com participação de empresas de fachada para favorecer o empresário Charles Zilio, que também foi preso no dia da operação. A Polícia Federal afirma que, no período de 2013 a 2020, foram movimentados mais de R$ 60 milhões de verbas públicas por meio de 25 contratos celebrados com as empresas do grupo.
Agora no comando da prefeitura, Albino Bissolotti disse que será feita uma revisão de todos os contratos, de todos os fiscais de contratos, e de que forma esses contratos foram conduzidos, o que está pendente de execução, em acabamento e sendo iniciado. Também será feita a reavaliação das licitações em curso e, se preciso, “vamos recuar um pouco”, disse.
“Se está acontecendo tudo isso em São Miguel do Iguaçu, se poderes estaduais e federais de fiscalização vieram até a prefeitura e fizeram o que fizeram, é porque alguma coisa está errada e nós não podemos ser tão cegos de não ver isso”, declarou.
Exonerações
Albino Bissolotti já exonerou 11 funcionários com cargos de confiança e três secretários municipais: Luiz Antonio Klajn, da Saúde; Orivaldo Malaggi, da Obras e Viação, e Sergio Greff Netto, da Agricultura; nomeando para os respectivos postos: Claudemir Nunes (Saúde); Paulo Roberto Garlini (Obras) e Edison Antonio Bortoluzzi (Agricultura).
“Essas demissões aconteceram e vão continuar sendo feitas. É uma questão da situação que o Município vive. Pessoas que estão envolvidas nessas operações são pessoas que podem já imaginar que está mais fácil sair do que ficar. Peço desculpas, mas não vou passar a mão na cabeça de ninguém”, afirmou.
Gestão
Albino Bissolotti afirmou que vai dar um choque de gestão com enxugamento da folha salarial e que novas exonerações devem acontecer nos próximos dias. Segundo ele, os próximos a serem afastados serão as pessoas citadas ou envolvidas nas operações policiais realizadas recentemente. “Os secretários não podem simplesmente sair fazendo coisas. A partir deste momento, eu quero ter conhecimento de todas as atividades”.
Desagradável
Com relação à sua posse como prefeito, Bissolotti disse que “é uma missão desagradável. Uma coisa que eu não desejava para nosso município. Infelizmente, as coisas foram acontecendo e, por força da lei, eu tenho que cumprir com meu dever. Não queria nunca que o prefeito Claudio Dutra chegasse a esse ponto. Mas é a realidade e não podemos aqui esconder o sol com a peneira”, concluiu.
Prefeito pode ser cassado
A abertura de uma Comissão Processante que pode cassar o mandato do prefeito Claudio Dutra, que está preso em Foz do Iguaçu, foi aprovada por unanimidade pelos vereadores de São Miguel do Iguaçu.
O pedido de cassação foi protocolado pelo morador do Município Volmer Roberto Tschinkel. No mesmo dia, houve o sorteio e foram definidos os integrantes da comissão. São eles: presidente: Lafaiete Ganda Meira, relator: Eliseu Marciano Presa, e membro: Alfredo Junior Mendes.
De acordo com o prazo regimental, a comissão tem até 90 dias para concluir o trabalho de investigação e apresentar um parecer pedindo ou não a cassação.
Como o mandato de Dutra se encerra no dia 31 de dezembro, a comissão terá de acelerar os trabalhos.