Política

Vereador tenta convencer primo a votar contra cassação de prefeita

O aparecimento de um novo áudio sugerindo mais uma tentativa de indução de voto atiça ainda mais os ânimos da comunidade local

Vereador tenta convencer primo a votar contra cassação de prefeita

Reportagem: Juliet Manfrin

Quedas do Iguaçu – Em meio a uma série de denúncias e troca de farpas de todos os lados durante as investigações de suspeita de superfaturamento na compra de bolos e de salgados pela prefeita de Quedas do Iguaçu, Marlene Revers, o aparecimento de um novo áudio sugerindo mais uma tentativa de indução de voto atiça ainda mais os ânimos da comunidade local.

Da vez passada, quem aparecia nas gravações era o secretário de Planejamento e marido da prefeita Marlene, Vitório Revers, que teria oferecido pagar R$ 100 mil pelo voto de um vereador.

Ouça o áudio:

Agora, a conversa é entre dois vereadores. Segundo os denunciantes, o áudio já foi enviado à polícia. Trata-se do vereador da situação Carlos Alexandre de Souza Branco, o Santa Fé, em conversa telefônica com outro parlamentar, só que da oposição, João Carlos Ferreira, que é primo de Santa Fé. O vereador da oposição quem teria gravado a conversa. Ele queria dissuadir o primo a votar contra a cassação, insinuando que teriam vantagem por isso.

Durante o diálogo, Santa Fé diz que “vai sobrar para quem votou a favor [da Comissão Processante]” e que este não era o caso dele, porque ele votou contra. Na sequência, Santa Fé tenta convencer João Carlos a votar contra a cassação da prefeita, que deve entrar na pauta do Legislativo Municipal na próxima semana. “Que nem [IRC] ele falou, Santa Fé, ‘fale pro João que a gente tenta, eu abro as portas para ele, tudo o que precisar, vou na rádio falo bem dele, falo que ele está votando nas coisas conforme tem que ser’, quando é correto é correto, quando tem que falar mal, fala mal mesmo, ele falou: ‘eu encho a bola dele lá em cima’, mas isso pra você, agora pros outros…”, afirma o vereador da situação.

Questionado pela reportagem quem teria pedido para ele conversar com João Carlos, Santa Fé disse se tratar do “pessoal da administração”. “Lá eles falam, ‘se for companheiro, fala bem, se for adversário falar mal’”, disse. Contudo, negou que tenha conversado com João Carlos a pedido de alguém.

Santa Fé disse que só procurou João Carlos “por terem proximidade, por serem primos e que sempre falam sobre coisas da Câmara” e justificou que só estava pensando no bem de João Carlos, “porque ficaria difícil de ele se eleger novamente caso votasse pela cassação”.

Santa Fé afirma estar convencido de que a prefeita Marlene é inocente e que não houve superfaturamento nem compra excessiva e que há provas no processo que vão confirmar. “Eu li quase tudo [o processo]. Falam que foi R$ 270 mil em compra de bolo, mas o valor total dessa licitação é de R$ 270 mil, mas só foi gasto R$ 90 mil até agora”, explica.

“Eu tenho a minha visão e, infelizmente, ele [João Carlos] tem a visão dele e não muda… mas fui conversar com ele porque era uma forma mais fácil e que ficasse bom para nós dois”.

Na conversa não aparece a resposta do vereador João Carlos. Ele foi procurado pela reportagem, mas não atendeu as ligações.

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