Política

Taxa cambial será a maior do PDI

Embora não cause um rombo nas finanças, esse valor poderia ser usado em outros projetos

Taxa cambial será a maior do PDI

Reportagem: Josimar Bagatoli

Prestes a vencer a segunda parcela do empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) usado para a execução do PDI (Programa de Desenvolvimento Integrado), a Prefeitura de Cascavel constata os impactos negativos do contrato internacional devido à elevação da moeda norte-americana, situação apontada como “preocupante” pelo prefeito Leonaldo Paranhos (PSC), que assumiu mais de 70% das obras – todas estão praticamente concluídas.

Foram emprestados US$ 28,7 milhões e o prazo de cinco anos de carência terminou em 2019: a primeira parcela foi paga em abril no valor de US$ 600.032,85, na época equivalente a R$ 2.331.127,62, com o dólar a R$ 3,88.

Já a segunda parcela ao banco com sede em Washington deve ser depositada dia 15 de outubro, também de US$ 600 mil, que, se convertidos ao dólar de ontem (R$ 4,17), ficaria em R$ 2.502.000, valor 7,3% a mais que o da primeira parcela, diferença de R$ 170,8 mil.

Embora não cause um rombo nas finanças, poderia ser usado em outros projetos. “Há uma redução do poder aquisitivo do Município, reduz a capacidade de investimento. Embora o pagamento esteja previsto no orçamento, há um impacto em investimentos importantes”, diz o secretário de Planejamento e Gestão, Edson Zorek.

A taxa cambial é uma das grandes preocupações desde o anúncio do acordo, em 2013. Quando houve a assinatura do contrato, US$ 1 era cotado a R$ 2,23, hoje está cotado a R$ 4,17: uma valorização de 89% em seis anos.

A chamada amortização – que é o pagamento da dívida – começou em abril e se encerra em 2038. Ao todo, são 40 parcelas para pagamento da dívida externa. Por ano, são feitos dois depósitos: um em abril e outro em outubro.

A prefeitura já vem pagando os juros e as comissões de crédito desde 2014, também em duas parcelas anuais. Os recursos começaram a ser usados em 2015 para as obras do PDI e desde esse período começou a valer a variação das taxas: de juros, de 2,65% ao ano (calculada sobre o valor usado) e da comissão de crédito, que tem um percentual menor: 0,5% (calculado sobre o que ainda está disponível para ser gasto). Entre juros e comissão de crédito, a prefeitura já desembolsou US$ 2 milhões, que em reais totalizou R$ 7,3 milhões.

“Hoje não faria o empréstimo”

O secretário de Planejamento e Gestão, Edson Zorek, aponta que os empréstimos são necessários para desenvolvimento de ações de governo. Ele não vê problemas em empréstimos em dólar, mas manifesta preocupação com o câmbio flutuante. “O Município precisa fazer empréstimos, mas buscar a forma mais barata possível, como as empresas fazem. Essa forma da composição dos juros – com variação cambial – impacta considerável e negativamente”. Se fosse hoje, Zorek diz que “não faria” o empréstimo nas condições do BID.