Diante da crise interna do governo petista que registra queda sequencial e permanente nas pesquisas de avaliação, o presidente Lula reunião para discutir a alta no preço dos alimentos na sexta-feira (28), no Palácio do Planalto. O encontro reuniu o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além do presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, com objeto tratar do Plano Safra e outra ações para conter a alta dos preços dos alimentos.
Embora nenhum comunicado oficial tenha sido feito até o fechamento desta edição, a informação disponível dava conta de que não há consenso no governo sobre as medidas que serão adotadas. Até o momento, o único anúncio foi o da redução do imposto de importação dos alimentos que estiverem mais baratos no exterior do que no mercado nacional.
o ministro Carlos Fávaro é contra medidas como a restrição e taxação da exportação de alimentos para favorecer o mercado interno. Já uma ala do PT defende a taxação na exportação de produtos do setor agropecuário, o que pode gerar novo embate com o agro e a bancada ruralista no Congresso, além de gerar rumores do pedido de demissão do ministro da Agricultura. Até o vice-presidente Geraldo Alckmin tem demonstrado contrariedade à medida.
Medida de risco
Além da questão política, a medida defendida pelo PT pode gerar recuo dos preços no curto prazo e gera desestimulo à produção agrícola e também em outros setores da economia. Há também o risco de favorecer a redução da área de plantio com consequente redução na produção e ampliação da crise (e da inflação).
De acordo com informações da Gazeta do Povo, que assessores de Fávaro admitem que foi preciso grande mobilização nos últimos dias para tentar conter esse movimento apelidado entre os petistas de “comércio administrado”.
Aqueles que criticam a taxação defendida pelo PT, afirmam que é preciso esperar os resultados da “supercolheita” de grãos prevista para os próximos meses, bem como preparar um Plano Safra para o período de 2025 e 2026. Outro ponto defendido seria o de zerar as taxas de importação de alimentos produzidos por outros países, medida que enfrenta resistências dentro do Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad.
Aos seus interlocutores, Fávaro tem dito que não aceitará medidas que prejudiquem o setor agropecuário, principalmente a taxação das exportações de soja, milho, carne e etanol. Contudo, segundo integrantes do governo, a adoção de qualquer medida ficará para depois do Carnaval.