
Paraná - Após dias de articulação, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), finalmente conseguiu montar seu tabuleiro político e organizar o time que comandará o Estado nos próximos meses. A peça que faltava para destravar a reforma no secretariado era o “sim” de Rafael Greca. O ex-prefeito de Curitiba aceitou o convite para assumir a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável, movimento que reforça sua presença no cenário político e abre caminho para outras mudanças no primeiro escalão do governo.
De acordo com fontes próximas ao Palácio Iguaçu, a nomeação de Greca já está definida e representa um movimento estratégico tanto para o ex-prefeito quanto para o governador. Embora Greca tivesse interesse em comandar a Secretaria das Cidades, essa pasta está sendo reservada para Guto Silva, atual secretário do Planejamento, numa clara sinalização de que ele pode ser o escolhido para a sucessão de Ratinho Junior em 2026.
Nova configuração
Com a confirmação de Greca no Desenvolvimento Sustentável, outras mudanças no secretariado começam a se concretizar. O ex-prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, vai para a Secretaria do Turismo, substituindo Márcio Nunes, que já prepara sua transição para outra função dentro do governo, possivelmente na pasta da Agricultura.
Já para a Secretaria do Planejamento, um dos nomes mais cotados é o do ex-prefeito de Maringá, Ulisses Maia. Além deles, outros ex-prefeitos que desempenharam papel fundamental nas eleições de 2018 e 2022 devem ser contemplados com cargos no segundo escalão.
De olho em 2026
Segundo informações, a decisão de Rafael Greca de aceitar a pasta não é apenas uma questão administrativa, mas, sim, um movimento calculado de olho nas eleições de 2026. Fora da Prefeitura de Curitiba, o ex-prefeito viu no convite de Ratinho Junior a oportunidade de manter-se politicamente relevante e, principalmente, ampliar sua influência no interior do estado.
A pasta, responsável por políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável, oferece a Greca a possibilidade de estreitar laços com prefeitos e lideranças regionais — um ativo valioso para quem deseja se viabilizar como candidato ao Palácio Iguaçu. Ainda assim, a nomeação escancara que Greca não é a primeira opção de Ratinho Junior para a sucessão estadual.
O governador mantém sua estratégia de fortalecer Guto Silva como um nome natural dentro do PSD para a disputa. Isso pode forçar Greca a buscar novos caminhos políticos no futuro, possivelmente no PP de Ricardo Barros, que já acena com portas abertas para o ex-prefeito.
Jogo político
O jogo político entre Ratinho Junior e Rafael Greca pode ser resumido como um “acordo de conveniência”. De um lado, Greca se mantém em evidência, evita um período de ostracismo e fortalece sua presença no interior do Paraná. Do outro, Ratinho Junior neutraliza um potencial adversário dentro do PSD, garantindo que Greca permaneça, ao menos por enquanto, sob sua influência.
A relação, no entanto, tem prazo de validade. Em abril de 2026, Greca deve deixar o cargo para disputar as eleições. Até lá, a parceria política será mantida. Mas, como dizia o ex-jogador Vampeta, “eles fingem que me pagam, eu finjo que jogo”. No jogo da política, Greca e Ratinho vão manter as aparências — até que o tabuleiro eleitoral precise ser novamente rearranjado.