POLÍTICA

Alécio reclama; Renato afirma que articulou, mas vereadores escolheram nova liderança

Conheça os detalhes da eleição em Cascavel. Renato Silva venceu com mais de 95 mil votos, contando com o apoio popular de Leonaldo Paranhos - Foto: Paulo Eduardo/O Paraná
Conheça os detalhes da eleição em Cascavel. Renato Silva venceu com mais de 95 mil votos, contando com o apoio popular de Leonaldo Paranhos - Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Cascavel - Durante a campanha eleitoral do ano passado não faltaram “polêmicas” e “reviravoltas”. Marcio Pacheco tentou pela terceira vez ser prefeito; Edgar Bueno buscava o seu quarto mandato; o PT, com Liliam Porto tentava aproveitar o cartaz da eleição apertada de Lula em 2022; e Renato Silva entrava na disputa pela segunda vez, agora com o apoio de Leonaldo Paranhos, com mais de 80?% de aprovação em seus 8 anos de gestão. Resultado: Renato venceu a eleição no primeiro turno com 95.168 votos, com 56,41% dos votos válidos, confirmando a aprovação popular de Paranhos.

Aliás, Paranhos é considerado o “grande vitorioso” das Eleições 2024 não apenas por eleger o seu vice-prefeito, mas também pela articulação política que tirou o ex-vereador Romulo Quintino (cotado para ser vice) da coligação de Marcio Pacheco e ainda fazer com que o então presidente da Câmara, Alécio Espínola, não brigasse pela vaga de candidato a prefeito.

No festivo dia 1º de janeiro, data da posse do prefeito, vice e vereadores, tudo aconteceu dentro do esperado, a não ser a quebra de silêncio do reeleito vereador Alécio que, “magoado”, apesar isentar Paranhos, disse ter sido traído por Renato Silva.

Recapitulando a história

Alécio fez uma pequena coletiva de imprensa para, segundo ele, contar os fatos e explicar porque não disputou a presidência da Câmara. Em conversa separada com o Hoje Express, Espínola fez uma recapitulação do período pré-eleitoral e a definição das candidaturas. “Primeiro precisamos fazer um contexto dessa situação. Maio do ano passado, eu estava com 14 pontos na pesquisa do prefeito Paranhos e do Cantini. O Paranhos me chama e, numa conversa longa, me pede para eu abrir mão para o Renato Silva. Tenho uma relação com o Paranhos de muitos anos e entramos em um acordo para que eu abrisse mão para o Renato Silva. Em seguida, o Renato, ele teve conversando comigo, ficou muito grato e, enfim, a vida seguiu”, contou.

Acordos

Segundo Alécio, pouco antes do registro das candidaturas, uma nova reunião reafirmou o acordo entre ele, Renato e Paranhos. “Três dias antes do registro das candidaturas, o Paranhos me chama no gabinete, junto com o Renato. E o Renato reafirmou o compromisso de que, uma vez que eu abri mão para ele, para ele ser o candidato do Paranhos, [como retribuição Alécio teria] a minha gratidão: você será o meu presidente da Câmara. Pegou na minha mão, o Paranhos foi o avalista e, antes dele soltar na minha mão, eu disse algo muito interessante para o Renato: Renato, dia 6 nós vamos ganhar a eleição, dia 7 o senhor tem que se posicionar, porque o vereador, não se sustenta sem o Executivo”.

Em seu desabafo no dia da posse, Alécio relembrou que Renato Silva “não se posicionou dia 7, não se posicionou dia 8. Eu avisei o Paranhos e avisei o primeiro-ministro, nosso irmão amigo, o Folador, o que estava acontecendo; 45 dias mais ou menos, não deram bola para o assunto e eu já entendi que seria traído nessa questão”.

Alécio conta ainda que “passado esse processo de eu ter entendido que não seria o presidente, vida que segue, fui presidente seis anos, ele (Renato) volta na minha casa e faz um novo realinhamento comigo. Ele e o primeiro-ministro, o Folador. E eu aceitei, até porque é o nosso grupo. Eu aceitei. Ocorre que depois desse segundo realinhamento ele não fala mais comigo”.

Nesta segunda conversa, segundo Alécio, a proposta é que ele seria o primeiro-secretário da Câmara e algumas “outras discussões” dentro do Executivo. “Seria esse o segundo realinhamento”, disse sem detalhar as “outras discussões”.

“Apoio” ao novo presidente

No dia da posse e eleição da nova Mesa Diretora da Casa, Alécio não fez nenhum pronunciamento, mas votou na chapa encabeçada por Tiago Almeida que foi eleito por unanimidade. “Algumas pessoas têm perguntado por que eu votei favorável, mesmo o Thiago não me pedindo voto? Eu votei favorável porque eu fui presidente seis anos. Eu quero que o Thiago vá bem. Ele é um jovem. A Casa, ela traz muitos conflitos, muitos momentos difíceis. Você passa aqui muitas noites sem dormir. Não é fácil. E eu me senti na obrigação de votar com ele. Porque num passado recente ele votou em mim para presidente”.

Alécio não apresentou candidatura e Tiago foi eleito com o voto de todos os 21 vereadores – Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

O Olheiro

Questionado sobre como ficará sua relação com o Executivo, mais uma vez Alécio Espínola se reportou ao compromisso que tem com o ex-prefeito Paranhos. “O prefeito Paranhos vai ser o secretário de Estado e me pediu para que eu fosse os olhos dele nesse período. Estarei discutindo Cascavel como sempre fiz. Eu acho que na campanha, como alguns vereadores falaram, que há tantas necessidades da comunidade, das pessoas, tantos problemas, tantas dificuldades. Eu quero colaborar para que isso tudo possa acontecer da melhor maneira possível. Vou seguir debatendo Cascavel. Chegarão projetos importantes para o desenvolvimento da cidade de Cascavel. E nós vamos seguir fazendo esse debate”.

“Assunto superado”: Prefeito respeita autonomia da Câmara

A reportagem do Hoje Express também buscou ouvir o prefeito Renato Silva que logo pela manhã, ontem (2), fez a primeira reunião oficial com sua equipe de trabalho. Ele respondeu aos questionamentos por meio da secretária de Comunicação Social, Beth Leal, que segundo o próprio Renato é a “porta-voz do Município”.

Segundo ela, o prefeito Renato Silva confirmou que “trabalhou na articulação política para que o vereador Alécio Espínola assumisse, sim, a presidência da Câmara de Vereadores. No entanto, a decisão dos parlamentares mostrou que a opção foi do Legislativo foi por uma nova liderança”. Diante da escolha dos vereadores, a “a administração pública municipal acata e respeita a decisão dos parlamentares, seguindo os preceitos da verdadeira democracia”.

De acordo com Beth Leal a atual gestão, desde a campanha eleitoral, seguiu pelo caminho da continuidade do governo anterior. “O cenário comprova que o atual chefe do Executivo sempre esteve comprometido em seguir com os líderes da gestão anterior, inclusive, na Casa de Leis. Porém, não foi possível”.

Esse é o primeiro mandato de Renato Silva como prefeito de Cascavel – Foto; Paulo Eduardo/O Paraná

Renato Silva chega ao seu primeiro mandato como prefeito, depois de já ter sido vereador em Cascavel, inclusive com a experiência de ter ocupado a presidência do Legislativo Municipal. Renato ainda exerceu, como Suplente, o mandato de deputado federal entre fevereiro e outubro de 200, conhecendo os caminhos e particularidades do Poder Legislativo. “Desta forma, o Município reforça que respeitará a decisão da Câmara e seguirá com diálogo aberto e permanente com o vereador Alécio e todos os parlamentares. O objetivo é sempre trabalhar em parceria com o legislativo em prol dos cascavelenses”.

E completou: “O assunto presidência da Câmara para o Executivo Municipal já está superado”.