Cotidiano

UPA Brasília: mais de dez horas de espera

Mais um dia de espera e reclamação

Foto: Aílton Santos

A superlotação das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) se agrava nas segundas-feiras e ontem não foi diferente. Apesar de pacientes e poder público já saberem disso, parece que nenhum esforço é feito para tentar sanar a situação. Na UPA Brasília, por exemplo, a espera ontem passou de dez horas.

Por volta das 17h, a reportagem do HojeNews esteve na unidade que funciona temporariamente no antigo Hospital Jacomo Lunardelli. E o que encontrou foram pacientes inconformados, alguns esperando por atendimento desde as 9h e sem previsão de ser atendidos.

Esse era o caso da auxiliar de produção Taiane Magalhães: “Estou com diarreia e saí do meu trabalho para vir até aqui porque comecei a passar mal. A pré-consulta foi realizada depois de uma hora e meia de espera”.

Devido ao surto de diarreia aguda registrada desde dezembro, Taiane procurou ajuda devido aos sintomas parecidos: “Tentei explicar que já estava esperando há muito tempo e me orientaram a passar novamente pela pré-consulta, mas teria que esperar mais para fazer algo que já fiz”, reclama.

A cozinheira Sandra Padilha chegou às 11h com pressão alta (16 por 8) e o coração acelerado, além de dor nas costas. Seis horas depois, ainda aguardava atendimento. “Isso é um descaso com a população. Se fosse para eu enfartar, já teria enfartado”.

Sandra conta que várias pessoas foram chamadas, mas ninguém entrava na sala para ser atendido: “Eles chamam as pessoas, mas não entra ninguém para consultar porque muitas pessoas desistiram de esperar e os atendimentos ficam parados”.

A zeladora Tais Borcato estava revoltada: “Estou aqui desde as 10h. Estou sentindo muitas dores nas costas. Fui conversar com as atendentes três vezes para saber o que está acontecendo. Várias pessoas que chegaram depois de mim e já foram atendidas”. E questiona: “Não é muito tempo de espera para estarem passando tanta gente na minha frente? Eu posso não ser do grupo prioritário, mas eu também sinto dor”.

Transferidos

A reportagem enviou solicitação de informações à Secretaria de Saúde por meio da Secretaria de Comunicação, mas não recebeu respostas.

Contudo, em outras ocasiões, a Secretaria de Saúde culpou a superlotação pelos pacientes que poderiam buscar atendimento nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) e vão às UPAs. Contudo, ontem vários pacientes fizeram isso, mas foram orientados a buscar a UPA Brasília.

É o casso de Salvador da Rosa, que foi encaminhado para a UPA após ir à UBS do Brasmadeira com sintomas de gripe: “Eu estou aqui desde as 12h. Já havia buscado atendimento outros dias da semana passada, mas a espera estava grande. Estou quase desistindo de ficar aqui”, disse, após cinco horas de espera.

Adilson de Oliveira sofreu um acidente doméstico e buscou consulta na UBS do Riviera: “Eu fiz a cirurgia no HU [Hospital Universitário] e eles me forneceram remédios apenas para sete dias, mas os remédios acabaram ontem [domingo] e eu não consegui pegá-los no posto [de saúde] e já fui informado que três remédios eu terei de comprar. Vou gastar mais de R$ 100”, lamentou.

A reportagem do HojeNews foi informada de que havia apenas três médicos atendendo no pronto-atendimento e outros três médicos estariam atendendo na enfermagem.