Opinião

Transparência e cooperação também são bons remédios

O mundo enfrenta “uma mistura tóxica” que resulta da baixa cobertura vacinal contra a covid-19 e um nível de testagem insuficiente, alertou o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Ele disse que é uma receita perfeita para as variantes se reproduzirem: “O fim da pandemia não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha. […] Globalmente, temos uma mistura tóxica de baixa cobertura de vacinação e rastreio muito baixo, uma receita perfeita para as variantes se reproduzirem e se amplificarem”.

A declaração do dirigente mundial mostra um cenário “um pouco” diferente do que alguns gestores tentam “vender” para população. Infelizmente, a pandemia não está sob controle e, ao contrário do que se pensa, ainda há um longo caminho para se chegar ao desejado e necessário patamar de segurança. A cepa Ômicron, a “Variante de Preocupação” veio demonstrar a realidade da cena e reativar o alerta para necessidade de controles mais efetivos. Pelo Brasil, ontem, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, fez uma defesa mais que oportuna. Ele foi taxativo ao falar que a transparência e a cooperação entre autoridades reguladoras, além de ações que favoreçam a disponibilidade de medicamentos, vacinas e demais produtos de saúde em todo o mundo, é tão fundamental quanto se encontrar medicamentos eficazes para tratar a Covid-19.

No primeiro dia de reunião virtual da Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA, na sigla em inglês), Torres destacou ainda a importância de que autoridades reguladoras se mantenham autônomas em sua atuação, de maneira a garantir a confiança da sociedade em suas decisões. E sobre a Covid-19 enfatizou: “Estamos enfrentando uma guerra contra notícias falsas porque notícias falsas matam tanto quanto qualquer vírus perigoso”.

Não é hora de tentar defesas inconsequentes como “liberar o Carnaval” ou ser “flexível” com as festas de fim de ano em nome da retomada econômica. O “novo normal” precisa estar revigorado com a máxima que evitar a doença e, principalmente a morte, é muito mais “rentável” que vender mais! Arrecadar mais! E “festar” mais! A transparência e a cooperação são remédios milagrosos se utilizadas de forma honesta e responsável!