Cotidiano

Surto de Diarreia: Quatro meses depois, ninguém sabe de nada

Quase sete mil pessoas infectadas foram atendidas apenas pela rede pública de saúde

Depois quase quatro meses do início surto de diarreia, mais de 6,5 mil pessoas infectadas e atendidas apenas pela rede pública de saúde (os casos da rede privada são desconhecidos, embora significativos), o que se sabe é que ninguém sabe de nada.

Mesmo que digam e repitam que o problema não está na água da Sanepar, e 15 dias depois de os próprios técnicos do Ministério da Saúde pedirem para que a população fosse orientada a ferver a água antes de consumi-la, a recomendação ainda é: não é a água, mas é melhor que a fervam.

Depois de várias teorias, a que parece estar se consolidando é a de que o “responsável” pelo surto é o protozoário Giardia lamblia e que o meio de contaminação é a água. Por isso, ontem a Secretaria de Saúde recomendou que a população deva ferver a água para consumo, independente da origem.

Desconforto

Diante desse alerta, é visível o jogo de empurra entre Sanepar e demais órgãos que integram a força-tarefa que investiga a situação. O desconforto em falar sobre o assunto ficou claro em uma coletiva de imprensa realizada ontem.

Renato Mayer Bueno, gerente-geral Oeste Sudoeste da Sanepar, afirmou que as análises da água distribuída para a população realizadas pela companhia não encontraram o protozoário. Contudo, reconheceu que análises nos Rios Cascavel e Saltinho – de onde é captada a água para a distribuição urbana – já haviam encontrado o protozoário citado ainda em janeiro. A mesma informação trazida pelo Jornal HojeNews e negada pela companhia e pela Saúde.

Mayer disse que uma mudança no processo de tratamento eliminou o risco. Mas, na mesma coletiva, o técnico em saneamento da Secretaria de Estado da Saúde José Luiz afirmou que o protozoário Giardia lamblia é resistente ao tratamento realizado pela Sanepar.

Veja a entrevista coletiva na íntegra:

 

Sem prazos

De acordo com a médica Maria Fernanda Ferreira, da Vigilância Epidemiológica, não há prazos nem para a chegada das análises da água enviadas a um laboratório em São Paulo nem para a finalização da força-tarefa, que conta com a ajuda de técnicos da Sesa e do Ministério da Saúde.

Do início do surto até a semana passada somente as UPAs (Unidade de Pronto-Atendimento) atenderam 6.500 pessoas com diarreia aguda.

A própria secretaria reconhece que o número é muito maior, já que atendimentos em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e hospitais particulares não são contabilizados pela secretaria, isso sem contar aqueles pacientes que não buscam atendimento médico.

De qualquer maneira, as orientações são para reforçar os cuidados com a higiene, lavar bem as mãos e os alimentos antes de ingeri-los e ferver a água para consumo (inclusive para lavar os alimentos e para tratar os animais).