Saúde

Superlotação de leitos em hospitais provoca demora e pedido de “ajuda”

A maior parte dos pacientes clicados aguardando leitos estão internados na Upa Tancredo

Três pacientes realizaram a ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop).   -  Foto: Unioeste
Três pacientes realizaram a ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop). - Foto: Unioeste

 

Cascavel – Não é de hoje que o problema de superlotação de leitos no sistema de saúde de Cascavel é notícia. Com a chegada da pandemia da Covid-19 os serviços foram reorganizados, ampliados e, mesmo agora, com a drástica redução do número de internados pela a Covid e com a “herança” deixada com leitos e equipamentos, a situação não conseguiu ser amenizada. Novamente, o problema da falta de lugar nos hospitais está sendo motivos de reunião e busca de ajuda do Estado.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel, ontem (2), 138 pessoas estavam internadas em leitos nas três Upas (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade, sendo que 77 delas estavam clicadas no sistema da central de leitos, que gerencia a entrada dos pacientes nos hospitais credenciados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e que precisam de leito hospitalar.

A maior parte dos pacientes clicados aguardando leitos estão internados na Upa Tancredo. Segundo o secretário de Saúde, Miroslau Bailak, o município de Cascavel não tem gestão plena como Foz, Maringá, Londrina ou Curitiba. “Eu, como secretario saúde municipal, não tenho ‘autoridade’ para negociar leitos com os hospitais sejam eles de onde forem”, explicou o secretário. Segundo Bailak, os leitos devem ser providos pelo Estado no Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) ou nos hospitais credenciados pelo Estado, pois a gestão de leitos hospitalares é da Secretaria Estadual de Saúde.

Além disso, os recursos para estes internamentos enviados pelo Ministério da Saúde vão todos para o caixa do Estado. Mesmo assim, os custos dos pacientes que estão internados nas Upas, desde os profissionais que atendem, insumos, medicamentos e material de hotelaria, entre outros, acabam sendo pagos pelo Município.

 

Pedido de ajuda

Esta semana os diretores do Huop e vereadores que fazem parte da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Cascavel estiveram reunidos para tentar encontrar soluções e encaminhar medidas buscando amenizar o problema da superlotação. Ontem (2), diretores do hospital e representantes da 10ª Regional de Saúde estiveram reunidos com representantes da Secretaria Estadual de Saúde para “pedir ajuda”.

Edson de Souza que é vereador e presidente da Comissão de Saúde, disse que durante a reunião foi discutida a necessidade de ampliar os atendimentos para desafogar as Upas, mas que para isso é necessário ter um aumento de estrutura física no Huop que nesta quinta-feira estava com 82 pacientes internados no corredor do hospital, ou seja, atendendo também acima da sua capacidade. O hospital conta com total de 257 leitos e todos estão ocupados. “Esse é o ponto em que o Huop vai esclarecer a Sesa [Secretaria de Estado da Saúde]. As Upas estão lotadas de pacientes aguardando leitos, mas o hospital também está e não consegue mais receber pacientes”, disse o vereador.

 

Propostas

Duas propostas acabaram sendo encaminhadas na reunião. A primeira delas é tentar dar celeridade ao processo de construção da segunda fase da ala materno infantil, que vai liberar 32 leitos dentro do hospital. A segunda é uma nova bandeira da saúde, de lutar pela reserva de terrenos ao lado da atual estrutura para que o hospital seja ampliado.

Edson Souza disse que se existe o problema da superlotação hoje, isso só vai piorar com o tempo e que, por isso, além de resolver o problema a médio prazo, é necessário pensar em ações futuras. “O Huop é de 1980 e precisamos pensar em sua ampliação. É uma bandeira política que terá que ser abraçada”, disse. As obras da ala materno infantil devem iniciar em alguns meses, mas devem levar pelo menos 18 meses para serem finalizadas.

A estrutura que antes abrigava os leitos do Covid-19 foi transformada em leitos de UTI geral, antes 14, mas que passaram para 40, com os equipamentos adquiridos com a pandemia. “Vamos agora aguardar a manifestação da Sesa diante dos pedidos do hospital e trabalhar para o quanto antes liberar a implantação do novo centro de cirurgias eletivas”, salientou o vereador.

 

Rede SUS

Outra situação levantada durante a reunião, será a absorção maior de pacientes por outros hospitais que atendem pelo SUS, entre eles, o Hospital de Retaguarda, que atualmente está voltado para o atendimento de pacientes com sintomas de dengue, mas medida não agrada o secretário de Saúde. Bailak disse que o que deve ocorrer é ter mais leitos para os pacientes no Huop já que é hospital do Estado e também faz a gestão dos leitos hospitalares. Segundo ele, neste momento os gestores devem resolver a situação e não “buscar desviar o foco”.

 

Foto: Unioeste