Agronegócio

Seminário sugere medidas para que governo amenize crise avícola

Avicultores e representantes de setores diretamente envolvidos com a cadeia avícola – transportadores, funcionários de frigoríficos e fornecedores de equipamentos – participaram do seminário que discutiu propostas para amenizar a crise no setor. O evento ocorreu nessa quarta-feira (2) na Amsop (Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná) e foi organizado após a União Europeia suspender a importação de carne de aves de ao menos 20 frigoríficos brasileiros.

A intenção era debater as possíveis consequências da medida no sudoeste paranaense e sugerir ações para que o governo contenha uma crise mais severa no setor. O plenário aprovou um documento contendo reivindicações que envolvem ações para aumentar o consumo interno de carne de aves, redução de juros do crédito para os setores afetados, renegociação de prazos de financiamentos e medidas protetivas de desoneração da cadeia, com atenção aos pequenos produtores.

A carta pede ainda que o governo federal atue para evitar demissões em frigoríficos e que o Estado amenize a cobrança de ICMS sobre a energia elétrica utilizada na produção avícola. O documento foi entregue aos representantes de comissões montadas na Câmara Federal e Assembleia Legislativa para discutir a crise do setor, deputado federal Assis do Couto e o estadual Wilmar Reichembach, e também será encaminhado à Secretaria Estadual e ao Ministério da Agricultura.

Situação no sudoeste

Os municípios do sudoeste do Paraná são responsáveis por boa parte da produção avícola nacional. A cadeia envolve milhares de produtores rurais de frango e peru, além de grandes frigoríficos, como as unidades da BRF, da Vibra, da Agrogen e da Coasul. Somente em Dois Vizinhos, que possui uma produção agropecuária de R$ 950 milhões, a avicultura representa quase 70% desse PIB gerado no interior.

Em outras cidades da região, a participação do setor também é grande. Em Francisco Beltrão Beltrão – de onde sai 30% da carne de peru brasileira exportada -, a empresa que mais gera ICMS é a BRF e em Clevelândia e Chopinzinho, o setor avícola representa boa parte do chamado valor bruto da produção. Segundo dados do Deral/Seab, um terço do PIB agropecuário do sudoeste está ligado à avicultura, através da produção de aves, pintainhos e ovos.

 

Impacto nos municípios

O presidente da Amsop e prefeito de Santa Izabel d’Oeste, Moacir Fiamoncini, considera preocupante a situação do setor, já que a crise pode afetar a economia dos municípios e as finanças das prefeituras. “Não são todas as cidades que possuem frigoríficos de abate de aves, mas todas certamente têm produtores que geram uma renda indireta a outros segmentos, ajudam a movimentar o comércio e tiram as notas de produtor, que são usadas para fins de cálculo do ICMS. Tudo isso pode ser impactado caso a situação piore, inclusive os orçamentos municipais”, frisa Fiamoncini.

O evento também foi acompanhado pelos deputados estaduais Nelson Luersen e Paulo Litro, além de prefeitos, presidentes de associações de produtores, avicultores e vereadores. A Comissão de Agricultura da Amsop, uma das promotoras do evento, foi representada pelo seu presidente, o prefeito de Pérola d’Oeste, Nilson Engels.