Economia

Saldo é positivo, mas empregos têm o pior julho em quatro anos

Em quatro dos sete maiores municípios houve fechamento de vagas com carteira assinada

Saldo é positivo, mas empregos têm o pior julho em quatro anos

Reportagem: Juliet Manfrin 

Medianeira – Com metade dos setores avaliados demitindo mais do que contratando no mês de julho, os municípios do oeste do Paraná que aparecem no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado nessa sexta-feira (23) pelo Ministério da Economia, aparecem com o pior desempenho para o mês nos últimos quatro anos.

No mês, o saldo foi positivo com 101 novos postos criados na soma das sete maiores cidades do oeste que são acompanhadas pelo Caged. Mas em quatro deles houve mais demissões que contratações. “O motivo disso continua sendo a economia, que não reage como era esperado. A reforma da Previdência demorou para sair e o mercado foi ficando cauteloso”, avalia a economista Regina Martins.

Os que tiveram saldo negativo no mês foram Assis Chateaubriand (-26), Guaíra (-21), Marechal Cândido Rondon (-92) e Medianeira (-421). O péssimo desempenho foi puxado pela indústria que fechou 459 postos nesses locais.

Cascavel abriu 476 postos com carteira assinada em julho, o melhor desempenho regional e um dos melhores do Estado, seguido por Foz do Iguaçu (66) e Toledo (119).

Setores

Analisando os números por setores, a indústria da transformação foi responsável pelo fechamento de 344 postos, em seguida veio o comércio (-135), a administração pública (-9) e os serviços de utilidade pública (-2). “A indústria vive ciclos mais ou menos intensos, mas a grande questão continua sendo o comércio. Mais uma vez o segmento mais demitiu do que contratou e agora está diretamente relacionado ao frio que não veio como se esperava. Com menos dinheiro, as pessoas também compram menos”, explica a economista.

O desempenho do mês só não foi pior porque os serviços criaram 291 novas oportunidades de trabalho e a construção civil outras 275. Outro a ter mais efetivações que desligamentos foi a agropecuária, com 22 novas vagas. “Os serviços seguram a geração de emprego há alguns anos com parte dos seus setores crescendo, mesmo com a crise. Na construção civil se pode observar uma nova movimentação, empresas lançando ou tendo que construir o que venderam na planta, o que pode indicar o início da recuperação, ao menos quanto ao otimismo na economia; já a agropecuária regional é um polo produtivo para o Estado”, considera Regina.

O desempenho do mês passado foi 77% inferior ao de julho do ano passado, quando registrou a abertura de 437 postos de emprego formal. Em julho de 2017 haviam sido 186. O pior desempenho foi em julho de 2016, no auge da crise econômica, quando o saldo foi negativo (-266).

Acumulado do ano

No acumulado do ano, a geração de empregos também é menor que a de 2018. De janeiro a julho de 2019 foram criadas 3.464 novas oportunidades de trabalho, contra 5.502 em igual período de 2018, recuo de 37%. Já nos sete primeiros meses de 2017, o saldo era de 3.079 novos postos.

Estado e Brasil

Em 2019, o Paraná abriu 40.537 vagas de emprego formal, sendo a quarta unidade da Federação que mais empregou. Em julho, o saldo foi de apenas 571 vagas formais. Os números para o mês são inferiores aos registrados em 2018, quando foram abertas 2.485 novas oportunidades, contudo, no acumulado do ano o saldo era inferior (34.601).

Neste ano, os setores que mais empregaram foram os serviços (2.248 novos postos) e a construção civil (663).

Na tentativa de ampliar as contratações, neste mês o governador Carlos Massa Ratinho Junior lançou o programa Descomplica, que facilita a vida de quem quer empreender e gerar emprego. O programa tem três vertentes: liberação do CNPJ e das autorizações para empresas de baixo risco em menos de 24 horas, soluções para fechamento de empresas e a instalação de um comitê permanente de desburocratização com a participação da sociedade civil.

Nacional

No cenário nacional, foram criados 43.820 novos empregos com carteira assinada em julho, abaixo do mesmo período de 2018, quando foram abertos 47.319 empregos com carteira assinada.

Nos sete primeiros meses deste ano foram gerados 461.411 empregos formais em todo o País. Com isso, houve aumento de 2,93% frente ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 448.263 vagas formais.

O saldo de 2019 é o maior desde 2014. O destaque é a construção civil, que criou 18.721 novas oportunidades em julho, seguida pelos serviços, com 8.948 empregos, e pela indústria, com 5.391.