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Rodrigo Nicácio: um até breve ao “Dr. Samu”

“Já estou com saudades de Cascavel, mas não vou deixar de vir, porque parte da minha família, dos meus amigos mora aqui”

Rodrigo Nicácio: um até breve ao “Dr. Samu”

Cascavel – O médico Rodrigo Nicácio está de malas prontas e uns dias antes de ir embora de Cascavel, rumo a sua cidade natal de Maceió, estado de Alagoas, conversou com a reportagem do Jornal O Paraná, para conbtar um pouco da sua história, sobre a criação do Samu Oeste, o enfrentamento à pandemia e os próximos desafios que ficam apenas para fevereiro de 2022, quando o médico retorna das suas férias, já na cidade em que nasceu.

Rodrigo Nicácio, que pode ser chamado no Oeste do Paraná como “Dr. Samu”, se formou na Universidade Federal de Alagoas, na cidade de Maceió. Por anos trabalhou em Brasília e na capital paulistana, quando em 2011 esteve em Cascavel visitando o irmão, que também é médico, que o convidou para vir morar na Capital do Oeste. Pensando em criar as duas filhas em uma cidade menor, Ana Beatriz (15) e Ana Laura (13) ele e a esposa, que também é médica chegaram à cidade em janeiro de 2013.

Naquela época o “Dr. Rodrigo” trabalhava com uma empresa de transporte de pacientes que atendia os principais planos de saúde do país, em São Paulo.

 

O Samu

Assim que chegou na cidade foi convidado pelo médico Miroslau Bailak, que ocupava o cargo de chefe da 10ª Regional de Saúde e pelo então prefeito, Edgar Bueno, para estruturar e iniciar os atendimentos do Samu Oeste. “Nunca imaginei que o Samu ia se tornar a potência que é hoje, prestando um serviço que é referência no estado”, disse.

Em abril do mesmo ano, Rodrigo começou a estruturação do Samu, que na época começou com 250 funcionários e hoje tem cerca e 1,2 mil colaboradores. “Como tinha experiência em todos os setores, organizei a parte operacional do serviço”, lembrou. O Samu Oeste começou a funcionar de fato no dia 1º de novembro de 2013, mas os primeiros dois anos foram difíceis, até que conseguiram habilitar o serviço junto à União e ao Estado. Além disso, foi convidado para trabalhar em outros dois hospitais e dar aula em uma faculdade, de onde também já se despediu.

Assim o crescimento foi gradual, os serviços foram aumentando, a estrutura recebeu o reforço de um helicóptero, ambulâncias e mais serviços de saúde para administrar e, atualmente, conta com quatro Upas, dois hospitais e ainda uma Central de Regulação. Atualmente o Samu tem parceria com Guaíra, Toledo, Marechal Rondon e Cascavel. “Temos um serviço altamente treinado e bons profissionais, desde a regulação, atendimento a emergência e regulação de leitos”, salientou.

 

Decisão pela família

Dr. Nicácio contou que a decisão de deixar Cascavel teve respaldo na vontade de conviver mais próximo da família, sentimento que ganhou força em janeiro de 2021, nas férias “em família’, mas que a decisão só foi tomada em agosto deste ano, quando as duas filhas aceitaram a mudança para a capital alagoana. Há dois meses, ele comunicou a saída a direção do Samu e passou a realizar a transição, para que nenhum serviço fosse prejudicado.

Rodrigo ajudou na escolha da nova diretora do Consamu, médica Karina Ebrahim, que segundo ele, vai seguir os trabalhos de todos esses anos. “Sei da sua competência, porque foi minha aluna no curso de Medicina e tem uma postura nata de líder”, salientou.

 

Pandemia

A pandemia foi um dos grandes desafios para os profissionais da área médica e também para o “Dr. Samu” que junto com a tarefa de se adaptar à nova realidade, passou a ser uma peça bastante importante para a análise dos números e do cenário pandêmico, sendo uma referência para toda imprensa neste período bastante crítico. “Jamais imaginei que analisando dados daqui eu seria importante e falando inclusive em rede nacional”, lembrou ele, contando sobre a análise que ele fez de uma das piores ondas da pandemia, que veio com a chegada da variante ômega, que acometeu muitas pessoas em Cascavel, no estado e no país.

Para o médico o pior desafio foi entre meses de março e junho deste ano, quando o sistema entrou em colapso, quando Cascavel chegou a atingir o pico de 22 óbitos em um único dia. “Atendi uma paciente com Covid que tive que intubar ela na sua casa e utilizei o último respirador da Upa. Na época vivemos dias muitos tensos”, falou.

Rodrigo Nicácio acabou contraindo a Covid 19 e contaminou a esposa, ele disse que até hoje uma das piores sequelas é em relação a qualidade de sono, que caiu drasticamente após o vírus. Ainda sobre a pandemia, disse que não vai deixar de analisar os dados do Paraná, de Cascavel e que agora também já analisa os dados de Maceió.

 

Amor pelo Samu

“Sou Samuzeiro e me sinto bem dentro daquela roupa que dá calor e da bota que aperta o pé”, contou, bem humorado o médico que disse que depois de 16 anos está “se dando” as merecidas férias de pelo menos 40 dias, já com compromisso de ficar sem celular e sem emprego, mas que depois do dia primeiro de fevereiro, já em Maceió, vai atrás de uma vaga no Samu de Alagoas, que é o que ele gosta de fazer.

Sobre Cascavel, falou que estará fazendo visitas na capital do Oeste assim que puder. “Já estou com saudades de Cascavel, mas não vou deixar de vir, porque parte da minha família, dos meus amigos mora aqui. Minhas filhas cresceram aqui e tenho um sentimento muito bom pela cidade”, finalizou.