Agronegócio

Quebra de milho safrinha deve chegar a 70%; qualidade também preocupa

Mesmo nas áreas em que as plantas continuam em desenvolvimento, há preocupação de que os grãos não se desenvolvam com a qualidade esperada

Foto: arquivo
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Cascavel – O Paraná deve enfrentar uma quebra acentuada do milho safrinha em todas as regiões do Estado. As perspectivas de perda foram relatadas por produtores rurais, durante a reunião da CT (Comissão Técnica) de Cereais, Fibras e Oleaginosas do Sistema Faep/Senar-PR, realizada nessa segunda-feira (12). Segundo os agricultores, as perdas chegam a 70% da lavoura. Mesmo nas áreas em que as plantas continuam em desenvolvimento, há preocupação de que os grãos não se desenvolvam com a qualidade esperada.

Segundo os produtores, a quebra de safra está relacionada a dois fenômenos: a falta de chuvas e a ocorrência de geadas entre o fim de junho e o início de julho. Em Maringá, no norte do Paraná, por exemplo, os agricultores esperam que a quebra fique entre 60% e 70% da lavoura. Para quem semeou fora da janela de plantio, o prejuízo pode chegar a 100%.

“Tivemos três geadas seguidas e a segunda delas foi muito forte. Até agora, estamos avaliando os danos. Se notam que muitos pés estão morrendo e não vão ter granação. O que ficou vai ter baixo padrão de qualidade”, relatou o produtor César Schmitt.

Em Londrina, o cenário é parecido. A pedido do Sindicato Rural do Município, a prefeitura decretou estado de calamidade. A expectativa dos produtores é de que a medida ajude os produtores que tiveram perda no diálogo com as seguradoras.

Na região oeste, o alerta também se estende à classificação dos grãos que se desenvolvem após as geadas. No Norte Pioneiro, as lavouras foram plantadas mais tardiamente e também sofreram com as geadas. “No oeste, teremos quebra em termos de 60%. E tem a questão da qualidade do grão. Os grãos não estão vindo em uma qualidade tão boa”, disse o produtor Heitor Richter. “Aqui, no Norte Pioneiro, creio que vamos ter perda de 70% a 75%. Vamos ter também um problema maior na classificação, porque os grãos não estão de boa qualidade”, observou o produtor Marco Antônio.

 

Seguro rural

A reunião da CT também contou com uma apresentação sobre seguro rural, proferida por Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos, da Secretaria de Política Agrícola, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Para 2022, o PSR (Programa de Subvenção ao Seguro Rural) disponibiliza R$ 1 bilhão. São 158,5 mil apólices contratadas, que correspondem a 10,7 milhões de hectares de área segurada. A produção coberta pelo PSR é estimada em R$ 55,4 bilhões.

Loyola também abordou aspectos da consolidação do PSR, que passou por uma simplificação de regras e pulverização da carteira de seguros em seis atividades agropecuárias. Ele também mencionou um projeto-piloto do PSR voltado a produtores do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que deve chegar a R$ 50 milhões em recursos. “O desafio ainda é enorme. Hoje, menos de 20% da área de soja são cobertas pelo seguro rural, por exemplo. Mas estávamos avançando bastante”, resumiu o diretor.

 

Outros assuntos

A reunião da CT começou com o respeito de um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao líder rural Nelson Natalino Paludo, que faleceu em 5 de julho, em decorrência de complicações causadas pela covid-19. Produtores destacaram o protagonismo, o companheirismo e o legado deixado por Paludo, que comandou a Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas, foi presidente do Sindicato Rural de Toledo e vice-presidente da Faep.

O encontro contou com apresentações sobre a ferrugem asiática e com orientações jurídicas sobre contratos de venda do milho segunda safra.