Política

Projeto de reposição do salário dos vereadores quebra harmonia na Casa

Embora a aprovação em segundo turno fosse certa, a reposição acabou quebrando a harmonia entre os “pares” na Câmara de Cascavel

Projeto de reposição do salário dos vereadores quebra harmonia na Casa

 

 

Cascavel – Boa parte dos servidores da Câmara de Cascavel paralisaram as atividades na tarde de ontem (24), para acompanhar a votação em segundo turno do Projeto de Lei n° 63/2022, que reajusta em 12,47% os salários dos vereadores, assessores e servidores de carreira do Legislativo Municipal.

Embora a aprovação em segundo turno fosse certa, a reposição acabou quebrando a harmonia entre os “pares” na Câmara de Cascavel. Apesar de todos os vereadores estarem a favor da reposição salarial dos servidores de carreira, não houve a mesma unanimidade quanto a reposição dos salários dos próprios parlamentares.

 

Contrários

Os únicos vereadores dos que votaram contra o reajuste que usaram a palavra para se manifestar a respeito foram Celso Dal Molin (PL) Sidinei Mazutti (PSC). Dal Molin se restringiu a falar sobre a emenda apresentada ao PL n° 63 que desvinculava os agentes políticos do rol de beneficiados com o reajuste salarial. O vereador informou que a emenda foi analisada pelas comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Orçamento e também pela comissão de Trabalho e Administração de Pessoal, recebendo parecer contrário em todas. Por conta disso, segundo o vereador, a emenda não chegou a ser apreciada em plenário.

Já o vereador Mazutti, argumentou que, em dezembro a Câmara já havia aprovado um reajuste e deveria esperar um tempo maior para então aprovar esse que estava em discussão. “O que a nossa população está falando? Que nós tivemos a reposição salarial em dezembro e está repondo já agora em maio, e que poderia estar esperando um pouco mais para ter um pouco mais de folego. É o entendimento que deve ter acontecido, para a população absorver melhor essa situação”, disse.

Mazutti ainda supôs que o PL de autoria dele que foi apreciado pouco antes da votação do PL n° 63 e teve o pedido de adiamento de votação aprovado, foi justamente por conta do posicionamento dele contrário ao reajuste. “Mas tudo bem, boicotar o meu projeto faz parte da política, eu acho que vocês têm todo o direito, mas tem que respeitar o voto de cada vereador”. Contudo, na sequência, o vereador se retratou e disse que respeita o voto a favor dos vereadores que foram a favor do pedido de adiamento.

 

Mudança de voto

O vereador Professor Santello que havia votado contrário o reajuste na sessão de segunda-feira, usou a tribuna para dizer que iria votar favorável ao projeto, uma vez que a emenda apresentada com os demais vereadores foi rejeitada pelas comissões. “Eu fui contrário ao projeto justamente por acreditar nessa emenda dessa questão de os agentes políticos não fazer parte desse combo, mas respeitando o direito do funcionário. Como nossa emenda dessa desvinculação não passou, eu tenho a hombridade de voltar atrás e reconhecer, em valorização dos funcionários dessa Casa, e votar favorável ”

 

Favoráveis

Em defesa do reajuste dos parlamentares, os discursos mais efusivos ficaram por conta de Josias de Souza (MDB), Valdecir Alcântara (Patriota) e o próprio presidente da Casa, Alécio Espínola (PSC).

O vereador Josias esclareceu que o PL se trata de um reajuste das perdas inflacionárias do último ano e não de um aumento de salário. “Tem alguns que parece que não entenderam e continuam espalhando que a Casa de Leis e os vereadores estão votando o aumento salarial de servidores e aumento salarial de vereadores. Então só peço uma gentileza a esses mal-entendidos, esses que estão fazendo de conta que não sabem qual é a realidade, que preste atenção no que está sendo votado aqui. É reposição salarial, são percas salariais, são direitos dos trabalhadores.” Josias ainda fez um apelo aos vereadores que votaram contra o projeto que mudassem de ideia e votassem a favor. “Quero fazer um apelo para quem votou conta para que pense no servidor, nem pense em nós vereadores, que de repente pense naquele que está no sofrimento.”

O vereador Valdecir Alcântara, manteve o mesmo posicionamento da votação de segunda-feira, defendendo o reajuste tanto para os servidores quanto para os vereadores. “É fácil chegar aqui e jogar a população contra os vereadores, contra os assessores e contra os servidores. É fácil a gente chegar e falar ‘vamos deixar um pouco pra lá, vamos atrasar, nós não vamos pagar agora, vamos parar pra frente’. Gente, que absurdo, que país que nós estamos?”

 

Presidente favorável

O presidente da Câmara, vereador Alécio Espínola, passou o comando da Mesa Diretora ao vereador Romulo Quintino (PL), para fazer a defesa do PL e também para votar o projeto. “A sociedade não reconhece o trabalho do vereador que é o sustentáculo da sociedade, está lá nos problemas diariamente, trazendo para o Executivo e o Executivo resolvendo os problemas diários. Ontem nós ouvimos vereador dizendo: será que é moral? Será que não é? É parte da sua reposição salarial que tem de direito, é constitucional. Uma Câmara que não envergonha. Não é nenhum crime, nós não podemos apequenar o Poder Legislativo, porque nós fazemos parte do processo da democracia.”

O projeto foi aprovado por 13 a 6. Foram a favor os vereadores Alécio Espínola, Cabral, Cidão da Telepar, Cleverson Sibulski, Edson Souza, Josias de Souza, Melo, Policial Madril, Professora Liliam, Professor Santello, Sadi Kisiel, Soldado Jeferson e Valdecir Alcântara. Contra votaram os vereadores Carlos Xavier, Celso Dal Molin, Mazutti, Pedro Sampaio, Serginho Ribeiro e Tiago Almeida. O vereador Dr. Lauri esteve ausente nas sessões de segunda e terça.