Política

Operação Piloto: Lava Jato denuncia Beto Richa pela terceira vez

Em troca de propina de R$ 7,5 milhões, tucano teria favorecido consórcio em licitação

Operação Piloto: Lava Jato denuncia Beto Richa pela terceira vez

A força-tarefa Lava Jato do MPF-PR (Ministério Público Federal) denunciou nesta quarta-feira (5) o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e mais seis pessoas pelos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude licitatória e lavagem de dinheiro envolvendo as obras de duplicação da PR-323, em 2014. Essa é a terceira denúncia contra o tucano no âmbito da Lava Jato.
De acordo com a Procuradoria, com seu ex-assessor Ezequias Moreira, seu irmão e ex-secretário José “Pepe” Richa Filho e outros dois empresários (Rafael Gluck e José Maria Ribas Muellet), Beto Richa fraudou a licitação para exploração e duplicação da PR-323, que liga Maringá a Francisco Alves, no noroeste do Paraná. Eles teriam agido em favor do Consórcio Rota das Fronteiras, que tinha em seu quadro as empresas Tucumann Engenharia e Odebrecht, entre outras.
Para garantir que outras empresas não ameaçassem a licitação, o grupo teria descumprido algumas formalidades legais e, em troca, recebido cerca de R$ 7,5 milhões.
As investigações trazem ainda contato entre os empresários do consórcio e os agentes públicos ocorridos antes mesmo da publicação das diretrizes para a licitação. “Não se tratava de uma licitação qualquer: era, na realidade, a maior licitação da história da pasta. O contrato representava recebimentos totais na órbita de R$ 7,7 bilhões”, narra a denúncia.
O ex-chefe de Gabinete Deonilson Roldo teria recebido pelo menos R$ 4 milhões da Odebrecht agindo em nome do ex-governador, Pepe e Ezequias. O contador do tucano, Dirceu Pupo, e Luiz Abi Antoun, primo de Richa, teriam atuado como intermediários da negociação, para dissimular o recebimento dos valores.
Parte do esquema foi descoberta a partir da análise dos sistemas do “setor de propinas” da Odebrecht, que revelaram, no intervalo de dois meses ao longo de 2014, pagamentos superiores a R$ 3,5 milhões para o codinome “Piloto”, utilizado para identificar o ex-governador.
Outra parte das negociações foi desvendada com a delação premiada assinada pelo ex-diretor do DER do Paraná Nelson Leal Junior.
Conforme a denúncia, Beto Richa também teria recebido cotas de um imóvel no valor de R$ 3,4 milhões a título de propina. Os executivos da Tucumann, uma das empresas do consórcio, Rafael Gluck e José Maria Ribas Mueller, teriam atuado para subfaturar o imóvel.
Eles teriam investido na construção do investimento por seis anos e, segundo estimativa do MPF, venderam-no por valor 44% inferior ao preço de mercado.
Outra empresa, a Ocaporã, formalmente gerida pelo contador de Richa, mas, segundo o MPF, estreitamente ligada à família do ex-governador, foi utilizada para dissimular o recebimento dos valores.