Opinião

Fraternidade, políticas públicas e cidadania

Pedro Antônio Bernardi

Com o tema Fraternidade e Políticas Públicas e lema Serás libertado pelo direito e justiça, a Campanha da Fraternidade 2019 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) acorda todos os cidadãos brasileiros, sem exceção, para a situação atual e a necessidade de mudança de rumos, ações e direções efetivas, programas e projetos eficazes, leis para consertar o que está errado, quebrado e demolido. É consenso nacional que fraternidade, ética, cidadania, escala de valores, espiritualidade estão enfermas. Predominam padrões políticos superados.

Ninguém espere em curto espaço de tempo melhorias por conta das denúncias dos meios de comunicação, muito menos dos inflamados discursos nos palcos e nos púlpitos, nas áreas da saúde, educação, habitação, segurança, trabalho e renda, mobilidade, seguridade, alimentação, saneamento, previdência social. Má gestão de recursos materiais e financeiros, infraestrutura e instalações precárias, saneamento básico, qualificação profissional, governantes e gestores públicos, educação, políticas e políticos são pessoas, sistemas e processos responsáveis pela sofrível realidade vivenciada pela sociedade nos quadrantes do país há mais de cinco séculos.

Ao fazer analogia, só é possível endireitar galhos de árvore se a medida for tomada preventivamente. Tentar endireitá-los quando adultos é inútil; eles quebram e secam. A nosso ver, a gênese da maioria dos problemas referidos anteriormente é das famílias mal constituídas e desestruturadas, a escola que não educa de forma holística, a linguagem viciada e contaminada de quem detém o poder e os meios de comunicação que não evoluíram.

A riqueza número um da Pátria é o cidadão educado que valoriza a vida, a moral, o estudo, o trabalho, a fraternidade e a espiritualidade. Acima de tudo, cidadania é luta apaixonada contra desigualdades e privilégios, enfermidades e mortes evitáveis, males e maldades, desonestidade, corrupção, mentira, enganação, tragédias, desastres.

Desordem social e familiar, descumprimento dos deveres, injustiças e agressões contra a natureza não perdoam; cedo ou tarde cobram preço alto. Por conta disso, é fundamental saber defender-se das coisas e situações que comprometem segurança, estima e relacionamentos harmônicos e pacificadores. Droga, bebida em excesso, estresse, obesidade, ódio, raiva e sedentarismo são fatores de risco pessoais, sociais, familiares e comunitários.

Há 56 anos, a CNBB celebra a Campanha da Fraternidade. Há 519 anos, a família brasileira sofre falta de planejamento. Em 2019, crianças e jovens desperdiçarão um terço do tempo com inutilidades. Isso é catástrofe nacional, pública e particular.

É missão das autoridades e das lideranças, da Igreja e das escolas reorganizarem e prepararem a nova família e construir a verdadeira fraternidade, melhorar a cidadania e a qualidade de vida das futuras gerações. Integração, cooperação e voluntariado fazem a diferença. São fontes gratuitas, disponíveis e abundantes de energia, por meio das quais crescem e se realizam os seres humanos, pobres e ricos, cultos e iletrados.

A par da cura familiar, as políticas públicas melhoram significativamente, se crianças, jovens, adultos e idosos forem mais responsáveis e realizarem exames preventivos, tomarem vacinas oferecidas, praticarem exercícios físicos regularmente, controlarem a gula e a bebida. Drogas lícitas e ilícitas, desestruturação familiar e desamor à vida congestionam consultórios, leitos e UTIs. Está na hora de começar a mudar também esse cenário que lesa a todos, indistintamente se bons ou maus.

 

Pedro Antônio Bernardi é Jornalista, economista e professor – [email protected]