Cotidiano

FMI diz que BCE deve expandir compra de ativos, se inflação não subir

WASHINGTON – O Fundo Monetário Internacional (FMI) instou o Banco Central Europeu (BCE) a analisar a possibilidade de ampliar seu programa de compra de ativos se a inflação na zona do euro não passar a subir diante dos baixos níveis atuais.

“Diante da perspectiva muito fraca para a inflação, o BCE deveria estar pronto para mais flexibilização se a inflação se mantiver abaixo de seu curso de ajuste antecipado?, disse a equipe técnica do Fundo nesta sexta-feira em um relatório. ?As pressões deflacionárias continuam sendo fortes, sendo que 11 países registraram uma inflação negativa em maio?.

Ainda que as taxas de juros negativas tenham ajudado a economia da Europa, novas reduções poderiam indicar retornos menores, o que significa que o BCE deve mirar seu programa de compra de ativos, segundo o FMI.

?Mais cortes poderiam impactar sobre a rentabilidade dos bancos?, disse o órgão internacional. Segundo o FMI, ?estariam disponíveis para compra? outros ? 2,4 bilhões em ativos, o que ?poderia permitir amplamente a extensão do programa por um ano?. A entidade sugere que seria útil, por exemplo, permitir a compra de títulos por taxas abaixo da taxa de depósito,

?Algumas mudanças modestas no programa poderiam aumentar consideravelmente a margem para mais compras?, indicou.

Guiados pelo BCE, os bancos centrais na zona do euro gastam atualmente ? 80 bilhões (US$ 89 bilhões) mensais, a grande maioria em títulos soberanos, para fazer subir a taxa de inflação que há mais de três anos não alcança a meta da entidade de 2%. Os funcionários preveem atualmente que o crescimento dos preços ao consumidor vai acelerar de 0,2% este ano para até 1,6% em 2018.

Apesar de a economia integrada por 19 países chega ao décimo quarto trimestre de expansão, o desemprego se mantém acima de 10% em um momento que o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia põe em risco o processo de recuperação.

?Os riscos negativos são maiores?, disse o FMI. ?A demanda externa poderia se debilitar, tanto que os riscos políticos cresceram significativamente?, disse o órgão, destacando a relação com a situação britânica.

REPERCUSSÕES DO BREXIT

O FMI rebaixou sua perspectiva de crescimento de 2017 para a zona de euro, de 1,6% para 1,4%, citando o referendo do Reino Unido. O fundo considera que a economia da região crescerá 1,6% este ano.

?O Reino Unido é um parceiro comercial importante para a zona do euro, com destino de 13% das exportações da zona do euro, e também tem laços financeiros estreitos com a região?, disse o FMI no informe. ?Prevê-se que sua saída da UE afetará negativamente as economias da eurozona através dos canais de comércio, finanças e da confiança?.