Opinião

Estamos mais pobres

Por Carla Hachmann

Relatório do Banco Mundial divulgado esta semana afirma que a pobreza aumentou no Brasil entre 2014 e 2017 e atinge 21% da população, o que equivale a 43,5 milhões de pessoas. Nesse período, quase todo ele dentro de uma das mais severas crises econômicas que o País já viveu, 7,3 milhões de brasileiros tiveram perdas e passaram a viver com até US$ 5,50 por dia, ou seja, cerca de R$ 21. No mês isso representa R$ 627 para pagar aluguel, luz, água e comida, pelo menos.

A perda de poder aquisitivo ocorrida nesses quatro anos de intensa crise levará anos até que seja equalizada. Será preciso um ritmo de crescimento acelerado para que em cinco ou seis anos possamos voltar ao patamar pré-crise. Contudo, as previsões não indicam essa possibilidade. Pelo contrário, dia a dia as taxas de crescimento deste e do ano que vem são revistas par baixo.

O relatório do Banco Mundial destaca ainda as incertezas quanto à reforma da Previdência, afirmando que sua aprovação “depende da formação de coalizões”, cenário difícil de ser vislumbrado neste momento. Em três meses de governo, Jair Bolsonaro ainda patina no quesito articulação, especialmente com o Congresso.

E, embora o Banco Mundial elogie o Brasil por buscar um programa “ambicioso” de reformas, afirma que o País é o caso mais preocupante na América Latina depois da Venezuela.

A receita está na mesa. Não há tempo a perder. O jeito é pôr a mão na massa.