Política

Duplicação parada: Prefeitos prometem bloquear tráfego para cobrar obras na 163

A duplicação da BR-163 em dois trechos no oeste do Estado deveria ter sido concluída há dois anos

Foto: Arquivo
Foto: Arquivo

Reportagem: Josimar Bagatoli

Capitão L. Marques – Com o tráfego de veículos em trechos improvisados e trânsito congestionado, o que significava uma conquista em infraestrutura se torna uma verdadeira bomba-relógio. A duplicação da BR-163 em dois trechos no oeste do Estado deveria ter sido concluída há dois anos, mas agora, sem dinheiro, caminha a passos lentos, com poucos trabalhadores na pista, mantidos apenas para não evidenciar um rompimento de contrato entre as empresas e a União.

Embora alguns trechos tenham sido concluídos, as duas empreiteiras não receberam o valor equivalente à medição e, com as verbas entrando a conta-gotas, elas também reduzem o ritmo do empreendimento para evitar um calote do governo federal.

Cientes do impasse, os prefeitos do oeste paranaense decidiram que vão se manifestar publicamente para que sejam retomados os trabalhos de maneira efetiva. “Estamos organizando os municípios para fazer uma paralisação do tráfego para sensibilizar os governos da importância da obra”, revela o prefeito de Capitão Leônidas Marques, Cláudio Quadri.

O ritmo lento das empreiteiras se estende há pelo menos um ano, com redução de frentes de trabalho e serviços. Trechos prontos ainda não foram liberados para tráfego pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Para este ano, estão previstos R$ 153,3 milhões para as obras de duplicação, incluindo os contratos de execução de obra e demais contratos acessórios do empreendimento, recurso insuficiente, pois, pelas contas de autoridades que acompanham a execução, seria necessário praticamente meio bilhão de reais.

A insegurança é um dos fatores que levam à mobilização regional. Na segunda-feira passada, uma mulher de 27 anos morreu e outras três pessoas ficaram feridas em um acidente na BR-163 em Toledo. O motorista do caminhão usava o trecho pronto da rodovia que não está liberado. Ele cruzou a pista antiga e acertou o veículo com as demais vítimas.

O receio dos prefeitos da região é que o caso se repita.

A cobrança é que seja feita a devida sinalização e que os trechos prontos sejam liberados. “Precisaremos cobrar essa liberação. Ficou muito perigoso trafegar pela região, ainda mais com todo esse movimento. O que deve aumentar assim que começar a colheita [da soja e do milho]”, afirma o prefeito.

Prejuízos

Iniciadas há cinco anos, as obras tornam o transporte do Norte ao Sul do País mais caro. É que os caminhões carregados demoram mais tempo para chegar ao destino. Além disso, profissionais que atuam entre cidades vizinhas também demoram mais que o normal para chegar ao trabalho ou para cumprir as metas das empresas devido à logística conturbada.

O tráfego intenso aliado às obras praticamente paradas dificultam o desenvolvimento das cidades que viraram canteiros de obras. “Está chegando um momento de fazermos uma grande mobilização. Havia a preocupação de uma paralisação da obra, que falta muito pouco para ser concluída. Os recursos parecem poucos para aquilo que a empresa precisa para retomar os trabalhos. É uma lástima. A obra foi abandonada, o que demonstra que tudo está parado. Os governos precisam dar uma atenção urgente para retomar a obra”, afirma Quadri.

Trechos diferentes

A rodovia BR-163 está sendo duplicada em dois trechos, com dois diferentes consórcios de empresas contratados para a execução das obras: entre Marechal Cândido Rondon e Toledo, onde 73% dos serviços foram concluídos, há 20 quilômetros já liberados. Até agora o valor pago foi de R$ 153.9 milhões.

O outro trecho fica entre Cascavel e o Distrito de Marmelândia (Realeza), licitado por R$ 306,5 milhões. O pacote incluiu a ponte sobre o Rio Iguaçu. Apenas 50% do que estava previsto em contrato foi executado. A obra tinha custo inicial de R$ 579 milhões e a empresa já recebeu R$ 424.462.654,01.

O Consórcio Sanches-Tripoloni/Maia Melo é responsável pelas obras entre os KMs 117,1 e 191,1, de Toledo a Marechal Cândido Rondon. O Consórcio Técnica Viária/Castilho/Urbaniza é responsável pelas obras entre os KMs 191,3 e 205,58.